Foto: Bruno
Spada / Câmara dos Deputados
A Polícia
Federal (PF) instalou nesta terça-feira (24) um inquérito para apurar o
pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares pela Câmara dos Deputados.
A
investigação foi iniciada após determinação do ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Flávio
Dino, que decidiu pela suspensão dos repasses e pediu a abertura da apuração
nesta segunda (23).
O ministro
atendeu a uma representação do PSOL que apresentou novos fatos a respeito do
pagamento das emendas de comissão --alvo de críticas e de decisões anteriores
do próprio ministro pela falta de transparência.
A
representação da legenda cita um ofício encaminhado ao governo federal e
assinado por 17 líderes partidários da Câmara detalhando a indicação de 5.449
emendas de comissão.
Esse
conjunto de emendas se daria, segundo o PSOL, "sem aprovação prévia e
registro formal pelas comissões, sob o pretexto de 'ratificar' as indicações
previamente apresentadas pelos integrantes das comissões".
Na prática,
como revelou a revista Piauí, a lista dos 17 líderes de partidos da Câmara
mudava a destinação de emendas de comissão, sem aprovação dos colegiados. O
ofício com a nova destinação foi encaminhado ao governo Lula (PT) no último dia
12, e a Casa Civil deu aval à manobra.
Entre os
signatários da lista com mais de 5.000 indicações estão o líder do governo na
Câmara, José Guimarães (PT-CE), o do PT, Odair Cunha (MG), e o do Republicanos
e candidato à presidência da Casa, Hugo Motta (PB). O chefe da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), seria o avalista da iniciativa.
O estado
mais beneficiado com a destinação dos R$ 4,2 bilhões seria Alagoas --terra de
Lira, com quase R$ 500 milhões.
O inquérito
da PF, aberto a pedido de Dino, é o novo capítulo da disputa sobre essas verbas
que levou a uma crise entre STF e Congresso nos últimos meses.
O pedido de
abertura da investigação foi a principal queixa de lideranças da Câmara após a
decisão de Dino dessa segunda. A ação foi vista como acima do tom e midiática,
segundo congressistas ouvidos pela Folha.
O governo
Lula, embora tenha participado do acerto, teme uma represália na volta do
recesso, em particular considerando que o orçamento de 2025 ainda precisa ser
votado.
Por Bahia
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