
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos
Deputados
Com o voto de 314 deputados e 52
senadores, foi derrubado o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à
lei aprovada pelo Congresso Nacional para restringir a chamada “saidinha” de
presos. Com o veto, volta a ser proibida a saída de presidiários do regime
semiaberto em todo o país, que têm o direito de cinco saídas anuais, incluindo
para visita a familiares.
O projeto aprovado no Senado e
na Câmara teve grande parte de seu texto sancionado pelo presidente Lula. O
presidente vetou, entretanto, o dispositivo que excluía a visita a familiares
como um dos motivos para a saída temporária de presos. Também foi vetado o
trecho que acabava com a possibilidade de saída para atividades de
ressocialização.
Votaram a favor da manutenção do
veto do presidente Lula apenas 126 deputados e 11 senadores. Em um dia com
algumas derrotas para o Palácio do Planalto, a votação do veto da saída
temporária de presos pode ser colocada na conta de uma das mais significativas
para o governo.
Na votação da Câmara, os
partidos União Brasil, PP, PSDB, Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade, PRD, PL
foram contra o veto. O Republicanos, MDB, PSD, Podemos liberaram suas bancadas
e PT, PCdoB, PV, PSB, PSOL e Rede foram favoráveis. O placar dos deputados foi
de 314 votos pela derrubada do veto e 126 pela manutenção.
Durante todo o mês de maio o
governo federal tentou negociar, por meio dos seus líderes, a não derrubada
deste veto. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também se pronunciou
por algumas vezes a favor de se manter o veto, já que, segundo ele, o artigo
aprovado pelo Congresso contrariava os princípios fundamentais da dignidade
humana e da Constituição Federal “que obriga o Estado a defender a
família”.
O próprio presidente Lula
defendeu publicamente a manutenção do veto. Foi o caso de uma fala dele durante
encontro com jornalistas no mês de abril.
“A família quer ver o cara que
tá preso. Então, eu segui a orientação do Ministério da Justiça e vetei. Vamos
ver o que que vai acontecer se o Senado derrubar, ou melhor, se o Congresso
derrubar. É um problema do Congresso. Eu posso lamentar, mas eu tenho que
acatar, tá?”, afirmou Lula no encontro.
Também a Defensoria Pública da
União (DPU) emitiu uma nota técnica defendendo a manutenção do veto parcial ao
PL (projeto de lei) 2253/2022, convertido na chamada “Lei das Saidinhas”.
Segundo o órgão, a derrubada do veto deve causar indefinição jurídica quanto à
aplicação retroativa das novas regras.
Com a derrubada do veto, segundo
a DPU, a interpretação da nova legislação ficará a cargo dos juízes de execução
penal. “Não é possível antever o posicionamento do Judiciário brasileiro
caso o veto parcial ao PL 2253/2022 seja derrubado: se o instituto só será
proibido para condenados por fatos praticados após a sua vigência, ou se será
proibido de imediato a todo e qualquer condenado”, diz a nota da Defensoria.
“Essa insegurança é
especialmente gravosa a todo e qualquer condenado a pena privativa de liberdade
por crime praticado sem violência ou grave ameaça, que poderão ser impedidos de
acessar tal benefício em uma política tão restritiva”, diz o texto da DPU.
Por Bahia
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