Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 26 de janeiro de 2023
Morta. Enterrada. Corpo ensanguentado. Boca amordaçada. Pés e mãos amarrados. Foi assim que Reisiele Costa Novais, de 18 anos, foi encontrada na madrugada do último dia 20, dentro de uma cova rasa em Santa Cruz Cabrália, na Bahia.
O crime aconteceu 18 dias após o resgate da vítima no mesmo lugar, quando foi deixada à beira da morte, inconsciente e ferida. Na ocasião, Reisiele afirmou à polícia que o autor seria o seu ex-namorado.
O assassinato brutal deixa claro um alerta para o estado no primeiro mês deste ano: os feminicídios continuam. Até quando?
Nove feminicídios por mês na Bahia
A cada mês de 2022, nove mulheres foram vítimas de feminicídio na Bahia. O dado da Secretaria de Segurança Pública do estado aponta que os registros de morte simplesmente pela condição de gênero aumentaram quase 23% no estado se comparados a 2021: foram de 88 para 108.
Livre da morte, presa no trauma
Por pouco, Ana Luiza Brito não entrou nas estatísticas de feminicídio. No último dia 8, o homem com quem a brasiliense mantinha uma relação e a fez vir para a Bahia a agrediu e chegou a quebrar o seu braço ao empurrá-la da moto onde estavam quando passavam pelo Largo da Mariquita, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador.
Ana se livrou da morte, mas as lembranças traumáticas e as marcas físicas da violência ainda a prendem a traumas. “Estou totalmente adoecida. Não tenho conseguido dormir de fato e, quando cochilo, tenho pesadelos com as cenas de agressão. Me sinto mais do que machucada por alguém com quem um dia eu quis viver uma vida inteira e construir um futuro”, relatou.
A situação aconteceu 16 dias antes da data em que completou 25 anos, em 24 de janeiro. O período foi marcado por duas semanas de espera na fila do SUS até conseguir realizar a cirurgia para colocar uma placa de titânio, no último dia 22. Agora, ela terá que voltar ao hospital – que fica longe da sua casa em Brasília (para onde retornou) – a cada três dias para trocar o curativo e, posteriormente, fazer fisioterapia.
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Combate à violência contra as mulheres
Para evitar crimes do tipo em 2023, a Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) reativou duas unidades móveis de atendimento a vítimas de violência doméstica, que vão rodar a Bahia nos próximos 100 dias. Também iniciou a campanha “Quem Ama Abraça” nas escolas e ainda planeja lançar, em março, o Plano Estadual de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, com diretrizes para políticas públicas.
A Polícia Militar, por sua vez, continua com a Operação Ronda Maria da Penha, que acompanha mulheres com medida protetiva, além de receber denúncias pelo telefone 190. Já a Civil atua com os Núcleos Especiais de Atendimento à Mulher e as delegacias Virtual ou Territoriais.
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