As invasões de pragas nas residências acontecem durante todo o ano, no entanto, no verão a incidência é maior. Os insetos, por exemplo, gostam de uma temperatura média para viverem bem, mas quando o ar está muito quente eles costumam procurar ambientes com temperaturas mais agradáveis, é o caso das baratas que costumam entrar nas residências pelos ralos.
Normalmente, o esgoto, habitat desses insetos, fica mais quente do que o ambiente externo e quando a temperatura se eleva as baratas saem destas redes subterrâneas em busca de temperaturas amenas nas casas.
Mas além desses fatores, o aumento do aparecimento de pragas na cidade também está relacionado com as mudanças climáticas e com a urbanização, como alertou em entrevista ao Acorda Cidade, o diretor do Departamento de Planejamento e Educação Ambiental, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semmam), João Dias.
“Feira de Santana tem tido um grande problema com pragas, insetos, aves e animais peçonhentos. Mas precisamos levar em consideração vários fatores, por exemplo, Feira é uma das cidades que teve seu clima alterado por conta do aterramento das lagoas e de muitos riachos. Quando você tem a alteração do clima, temos também outros problemas que são as mudanças climáticas e o aquecimento global do planeta você”, informou.
João Dias relatou ao Acorda Cidade, que nesse período é comum a invasão de morcegos e pardais.
“Estamos recebendo queixas de casas que são invadidas por morcegos, pardais e pombos. Nos condomínios estamos recebendo queixas de animais peçonhentos como serpente, tivemos várias denúncias de caramujos africanos e escorpiões. Além desses, nós tivemos em uma clínica no bairro Kalilândia e também no Feira VI ataques de gaviões a pessoas. Isso são consequências da ocupação desordenada da cidade, da ausência de parques públicos, de pouca arborização na cidade, além da questão do aquecimento global, das mudanças climáticas e da própria urbanização. Nós da Secretaria do Meio Ambiente estamos muito ocupados com essas questões”, apontou.
Pardais e pombos podem transmitir sérias doenças para o ser humano. Conforme o diretor da Semmam, essas aves podem conviver com a sociedade, mas de forma que haja controle no ecossistema.
“De forma descontrolada como está acontecendo pode sim trazer problemas para os seres humanos. A gente não recomenda matar os pardais nem os pombos. Nós recomendamos colocar telas nos ambientes e juntos ajudarmos o município a cuidar do meio ambiente, para melhorar a qualidade ambiental da cidade e do município”, observou.
Casas que não possuem lajes são as mais invadidas, destacou João.
“A maioria das casas que não têm lajes, por exemplo, são construídas com madeiras, as pessoas não costumam vedar bem e aí os pássaros costumam entrar e os morcegos também. A gente recomenda às pessoas que quando forem construir as casas sempre tenham a recomendação de um engenheiro ou arquiteto. A gente também pede para aqueles que possuem casas em que não há pessoas morando que façam o processo de dedetização e paguem sempre alguém para realizar o processo de limpeza”, orientou.
João Dias disse ao Acorda Cidade que está preocupado com essa questão e que será discutido com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) a questão do licenciamento de condomínios e loteamentos.
“Eu como diretor da Semmam com formação na área ambiental eu entendo que hoje nós não podemos mais continuar dando autorização para a supressão vegetal de um grande condomínio, de um grande loteamento. Por que o que vai acontecer com os animais que sobrevivem ali? Consequentemente os saguis, os sariguês, os gaviões, as corujas, os caramujos, os escorpiões e as serpentes vão procurar outro lugar, por isso que estão acontecendo essas invasões”, relatou.
No verão as invasões pioram, mas elas existem durante todo o ano.
“Eu recebo denúncias durante todo o ano e o município está buscando uma forma melhor de realizar licenciamentos para equalizar essa situação, mas a gente também precisa da ajuda dos fazendeiros na zona rural para não desmatarem as fazendas completamente. A gente precisa da ajuda das construtoras, que têm grandes empreendimentos, para deixarem áreas verdes para que juntos possamos melhorar o clima da cidade e a situação ambiental do município. As pessoas também precisam entender que toda vez que há mudanças fortes no clima, como tivemos neste ano, há problemas com a Dengue, porque o mosquito da Dengue se adaptou e está desovando em água parada e em água corrente. Por isso, pedimos à população que tenha cuidado com piscinas, reservatórios, nascentes, córregos, porque se a população não ajudar, fica muito difícil para nós do município cuidarmos sozinhos dessas situação”, ressaltou o diretor João Dias.
Desinsetização
O diretor de uma empresa Controladora de Pragas Urbanas, em Feira de Santana, Gilberto Junior, possui mais de 20 anos no ramo. Ele informou ao Acorda Cidade que a desinsetização pode ocorrer de várias formas.
“A desinsetização é feita de acordo com a necessidade. A gente pode utilizar várias metodologias e princípios ativos também, de forma líquida, gel, iscas, pó refinado, isso vai depender da necessidade do local. Por conta disso, é necessário realizar uma visita técnica, porque daí a gente vai ter essas informações e saber qual o princípio ativo a forma de aplicação até mesmo para passar os devidos cuidados ao cliente”, contou.
Gilberto relatou que antigamente, geralmente todo o ano, as pragas mais comuns eram baratas, formigas, traça e aranhas.
“De um tempo para cá vem se estendendo muito a necessidade do controle de pragas, principalmente, contra cupins e escorpiões. O tempo de reprodução deles, antigamente, era em meados de setembro, mas hoje em dia a gente não vem percebendo essa diferença. Eu acredito que seja por conta do desmatamento que vem desregulando os habitats naturais desses animais. Hoje em dia eles vêm aparecendo em todas as épocas do ano”, explicou.
Controle de Pássaros
No verão, por conta das altas temperaturas, o número das pragas urbanas aumentam, destacou Gilberto.
“O controle de pássaros é uma metodologia diferente, até porque nós não podemos matar esses animais, pois são protegidos por leis ambientais, apesar de ser uma praga urbana, transmite doenças, eles são protegidos por leis ambientais, porque possuem seu papel na natureza, são polinizadores entre outras questões. Então, fazemos o controle dos pássaros sem eliminá-los com o desalojamento e fechando esses acessos, porque muitas vezes temos dificuldades por conta da estrutura do local e também pela questão da mão de obra. É uma situação mais delicada e mais complexa de se resolver, mas o Controle de Pragas resolve sim”, assegurou.
Visita Técnica
Gilberto contou ao Acorda Cidade, que só após a visita técnica pode passar para o cliente o orçamento.
“A nossa empresa opta por realizar a visita técnica por questão de segurança já que a gente está trabalhando com Saúde Pública, a gente trabalha com vidas. E após essa visita técnica a gente tem a segurança de passar para o cliente e dar uma maior explicação sobre os cuidados que ele tem que tomar, a gente vai saber qual o produto utilizar, a maneira correta para passar e tudo isso vai gerar a questão do tempo, da hora trabalhada, o gasto de produto e daí a gente passa o valor”.
Durabilidade
Em entrevista ao Acorda Cidade, o controlador de pragas disse que a durabilidade do serviço de controle de pragas é relativo.
“Uma aplicação em uma área interna de uma residência vai ter um poder residual muito maior do que na área externa, por conta de vários fatores: a questão das chuvas, do sereno, do sol, tudo isso vai reduzir a residualidade do princípio ativo. É bem comum na nossa cidades alguns condomínios fazerem a prestação desse serviço de seis em seis meses, apesar da Anvisa aconselhar fazer esse serviço de três em três meses. Mas a gente não tem como garantir a durabilidade até os três meses justamente por conta desses fatores que foram citados. Em uma residência é aconselhável fazer o Controle de Pragas de seis em seis meses, tem alguns clientes, por questão de segurança, que fazem de três em três meses por questão de segurança. Ainda assim, a maior parte dos resultados que vemos no serviço que prestamos aos nossos clientes, a durabilidade do controle da maior parte das pragas costuma passar dos seis meses”, concluiu.