Alunos da graduação de medicina na faculdade Unime, em Lauro de Freitas, estão passando por uma situação constrangedora em sala: muitos estão sendo expulsos e impedidos de frequentar as aulas. Em comum, todos são vinculados ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e pagam uma coparticipação à faculdade, já que a mensalidade do curso ultrapassa o valor máximo oferecido pelo financiamento. Eles alegam que agora estão sendo cobrados indevidamente pela instituição de ensino.

Regina Castro, mãe de uma estudante do 8º semestre de medicina, conta que recebeu da faculdade, em fevereiro, um boleto com o valor de mais de R$ 80 mil. Com juros e outras taxas, a cobrança já ultrapassou a casa dos R$ 100 mil e, em tese, deveria ser paga à vista para que a aluna volte a frequentar as aulas.

Regina explica que não tem nenhum débito com a Caixa, que é a instituição que media os pagamentos dos alunos do Fies com a faculdade. "O pagamento é realizado através de boleto, entre aluno e Caixa. Então todos os boletos que ela recebeu estão todos pagos, inclusive o do mês de agosto, o último", afirma. 

O advogado Danilo Pereira, que está atendendo a um grupo de alunos nessa situação, explica que a Unime disse que a cobrança era necessária após um erro no sistema entre a instituição e a Caixa. 

"Isso é o que a faculdade diz. Segundo eles, não era possível lançar os valores corretos no portal do aluno, no Fies. Isso gerou, supostamente, um valor menor do que os alunos deveriam pagar. E agora, a faculdade está cobrando dos alunos essa diferença", disse Danilo.

O advogado acrescenta que os valores são completamente aleatórios e, de início, a Unime diz que somente aceitará o pagamento de maneira integral. Ainda de acordo com Danilo, os valores estão na casa dos R$ 50 mil para cima. 

"Se eles [os alunos] não pagarem isso, eles estão recebendo e-mails de que serão considerados desistentes do curso", afirmou o advogado. Danilo Pereira diz ainda que a Caixa mostra que esses alunos não têm débitos com a faculdade e, por isso, a cobrança seria ilegal. 

Regina Castro também afirma que a situação não é recente na Unime. Ela conta ter conhecimento de outros tantos alunos que passaram pelas mesmas cobranças. Uns teriam conseguido resolver com a Justiça, outros teriam negociado a dívida com a faculdade. Essa, inclusive, também foi uma tentativa da própria Regina, mas que acabou frustrada. 

"Eu já tentei falar com a faculdade de uma outra forma, para tentar uma negociação. A gente não concorda, mas a gente estava tentando negociar um parcelamento, em um valor que ficasse possível de pagar", diz, mas o máximo que conseguiu foi que a Unime oferecesse o parcelamento da dívida em 12 meses, com uma entrada de R$ 21 mil. Com isso, as parcelas seriam de mais de R$ 5 mil durante um ano, além do pagamento regular ao Fies. 

Procurada pelo Metro1, a Unime não respondeu aos questionamentos da reportagem até o momento desta publicação.