Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estão convencidos de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem um plano para tumultuar e até impedir as eleições de outubro, de acordo informações divulgadas pelo jornal Estado de S. Paulo nesta quarta-feira (13).

 

Em agosto do ano passado, quando blindados desfilaram diante do Planalto, Mourão foi convidado pelo então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, para uma conversa reservada. Horas antes de a Câmara derrubar o voto impresso, o ministro queria saber se as Forças Armadas embarcariam em um golpe. O general o tranquilizou.

 

De lá para cá, porém, o tom das ameaças só cresceu. Agora, a maioria dos magistrados tem certeza de que o presidente tentará uma ruptura institucional. Sob o argumento de que é preciso promover uma contagem de votos paralela à do TSE, Bolsonaro tem atiçado as Forças Armadas para atuar no processo de apuração.

 

Desde o primeiro ano de mandato, Bolsonaro tem repetido ataques às instituições democráticas, como o STF, o TSE e o Congresso Nacional, muitas vezes incentivando que seus apoiadores fossem às ruas em atos considerados antidemocráticos, por pedirem o fechamento de órgãos do Judiciário e do Legislativo.

 

"O que aconteceu no Chile vai ser fichinha perto do que pode acontecer no Brasil. Todos nós pagaremos um preço que levará anos para ser pago, se é que o Brasil não possa ainda sair da normalidade democrática que vocês tanto defendem", disse o presidente em 2019.

 

Mais recentemente, Bolsonaro voltou suas críticas de maneira mais forte contra as urnas eletrônicas, falando em possibilidades de fraude. Para ministros do STF e do TSE, esse é um sinal de que o presidente deseja contestar os resultados eleitorais caso seja derrotado em outubro.

 

IDEIAS DE GOLPE

No último sábado, o colunista da Folha de S. Paulo, Elio Gaspari, autor de uma série de livros sobre a ditadura militar, apontou no mesmo sentido: estariam circulando ideias no Palácio do Planalto para tumultuar as eleições.

 

Essas ideias passariam por criar um ambiente de instabilidade na semana em que se comemora a Independência do Brasil, no início de setembro, fazendo com que algumas vozes políticas defendessem uma emenda constitucional que adiasse as eleições, prorrogando todos os mandatos automaticamente.

 

A outra hipótese levantada seria uma confusão provocada no dia da eleição, através de uma manobra para provocar um apagão no fornecimento de energia por algumas horas em duas ou três grandes cidades, atingindo-se um significativo número de eleitores. E aí autoridades políticas ficariam encarregadas de pedir a marcação de uma nova data para a votação, também provocando uma prorrogação automática dos mandatos.


Foto: Alan Santos / PR