Um ano após o último lançamento,
Changes, Justin Bieber retorna com um novo álbum. Justice,
disco apresentado nesta sexta-feira (19/3), é o sexto trabalho de estúdio do
canadense e coloca novamente a carreira de Bieber no caminho do pop que, por
mais mercadológico que seja, possui um impacto para além de apenas canções
radiofônicas.
O novo disco já havia sido antecipado
pelos singles Holy, Lonely, Anyone e Hold on e junto com o lançamento
apresentou o clipe de Peaches, em parceria com Daniel Caesar e Giveon, uma das
canções que é destaque entre as 16 faixas do álbum.
A música do clipe não é a única com
participações especiais. O álbum é recheado de grandes artistas e nomes em
ascensão, entre eles estão Chance The Rapper, Dominic Fike, Burna Boy e Khalid.
As colaborações são, talvez, um dos pontos mais altos do disco. Elas trazem uma
nova cara a Bieber que se aventura em algo próximo ao trap em alguns momentos,
potencializa a própria voz e se mescla bem com os estilos dos artistas
convidados.
Nas músicas que canta sozinho, o
canadense consegue manter a qualidade e trazer aspectos pops em um contexto em
que não faz mais do mesmo. O trabalho é o mais bem construído do cantor desde
Purpose, lançado em 2015. O álbum é pessoal e mercadológico ao mesmo tempo.
Musicalmente agrada tanto o fã de "pop raiz", como quem está saturado
do gênero e procura algo novo.
Luta por justiça
O álbum se inicia com uma mensagem de
Justin Bieber em que fala sobre como o mundo precisa de justiça no momento.
“Isso sou eu fazendo uma pequena parte. Minha parte, eu quero continuar a
conversa de como a justiça é, para que continuemos a nos curar”, fala o cantor
no início da faixa de abertura, 2 Much. Posteriormente, um discurso de Martin
Luther King Jr. é usado como interlúdio. Na fala, gravada em 1967, o ativista
conta a história bíblica de Shadrach, Meshach e Abednego e passa uma mensagem
sobre querer morrer por alguém ou algo que ama.
No entanto, todas as mensagens perdem
força quando colocadas em meio ao álbum, musicalmente alegre. A fala de Luther
King fica deslocada entre as músicas de pop animado que Bieber propõem. Em
certas situações parece que o cantor escolheu falar sobre um tema sério para
gerar discussão sobre o álbum, mas fez tudo isso após o produto estar pronto.
Os interlúdios também parecem ser usados em um modismo. Afinal muitos artistas
no cenário mainstream atual estão optando por isso, recentemente Billie Eilish
e Lady Gaga utilizaram este artifício.
Justin Bieber canta os próprios
sentimentos
Por mais que tenha deixado a mensagem
sobre justiça um tanto quanto desencaixada do conceito musical do disco, Bieber
soube trabalhar muito bem outro conceito em Justice. O canadense fez boas
letras que realmente falam sobre si próprio e o que ele sente. O cantor
apresentou maturidade, muito pouco vista no disco anterior, Changes, por
exemplo.
Justin faz sucesso desde os 14 anos,
atualmente aos 27 tem mais de 10 anos na indústria fonográfica e pode ser
considerado um dos maiores nomes do pop da últimas décadas, afinal a carreira
dele estourou em 2009. O artista tem muitas cicatrizes deixadas por toda uma carreira
no show business e soube usar muito bem estes traumas e momentos ruins para
mostrar como isso tudo afeta a vida dele e falar que ser famoso não significa
ser feliz.
A escolha de fechar o álbum com
Lonely, canção em parceria com Benny Blanco que fala sobre como ele se sentia
sozinho quando começou a fazer muita fama, talvez seja a melhor forma de
exemplificar como Justin Bieber se entende agora. Um cantor pop, que sabe o
próprio o lugar de fama, mas não se deslumbra mais, é maduro e calejado. Bieber
mirou em passar uma mensagem de justiça, mas acertou ao se posicionar com um
ser humano.
*Estagiário sob supervisão de Adriana
Izel