
Foto: Fellipe Sampaio / SCO /
STF
O ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Gilmar Mendes criticou os supersalários do Judiciário. Ele
afirmou que o país vive um quadro de desordem, com a profusão de gratificações
para juízes, promotores e desembargados, além de seus penduricalhos, como são
conhecidos os repasses aos servidores que vão além do teto remuneratório.
Segundo Gilmar, é preciso que os repasses ocorram dentro parâmetros legais.
"Nós devemos ter um
posicionamento em relação à remuneração. Nós estamos vivendo um quadro de
verdadeira desordem. A toda hora os jornais estampam o que chamam de um novo
penduricalho, a gratificação disso, a gratificação daquilo. É preciso que se estabeleçam
regras e normas para isso", disse ele, em um evento na capital paulista,
realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em
parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), sobre a reforma
administrativa.
"Estamos numa fase
preocupante, porque não sabemos bem o critério que deve prevalecer. É
fundamental que haja uma discussão sobre essa temática. Ninguém nega a
necessidade da revisão da remuneração, mas que se faça dentro de parâmetros
legais."
Em 2024, o governo federal
apresentou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para regulamentar os
supersalários da Justiça. A Constituição Federal já impede o pagamento de
salários superiores ao teto do funcionalismo -R$ 46,3 mil.
Os penduricalhos não são
contabilizados para o cálculo do teto salarial do funcionalismo público. Eles
incluem gratificações, indenizações e vantagens pessoais ou eventuais, todas
permitidas pelo STF. Como a Folha mostrou, Gilmar e Alexandre de Moraes já
receberam penduricalhos retroativos de órgãos onde trabalharam antes da
magistratura.
No ano passado, o Tribunal de
Justiça de São Paulo (TJ-SP) aumentou em mais de 50% os gastos com o pagamento
de penduricalhos, a seus cerca de 380 desembargadores da ativa.
Ao longo do ano passado, a
remuneração média desses magistrados foi de R$ 75 mil por mês. Nessa semana, um
corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) limitou, em um caso referente
à Justiça de Sergipe, o pagamento de penduricalhos em R$ 46,3 mil.
No mesmo evento, Gilmar
criticou a presença de militares da ativa em cargos políticos. O governo Lula
(PT) também apresentou uma PEC sobre o tema, mas que está parada na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) desde novembro de 2023.
"Não é mais compreensível
que nós tenhamos militares atuando em funções administrativas sem terem ido
para a reserva, ou indo para a política e voltando para a corporação",
disse Gilmar. Para o ministro, os militares que desejam seguir carreira
política devem deixar, antes, a corporação, com transparência.
Por Bahia Notícias