
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Após o final do feriado de Carnaval e a retomada dos
trabalhos do Congresso Nacional, na próxima semana, o Ministério da Fazenda
pretende finalizar e apresentar a proposta do governo de isenção do Imposto de
Renda da Pessoa Física (IRPF) para contribuintes com renda mensal de até R$ 5
mil. A ampliação da isenção do IRPF pode beneficiar cerca de 9,6 milhões de
contribuintes em 2026, e progressivamente, com a atualização da tabela, o
número total de pessoas isentas pode chegar a 26 milhões.
O projeto da isenção do IRPF está entre as prioridades do
governo Lula neste ano de 2025, mas deve encontrar dificuldades para a sua
aprovação, principalmente na Câmara dos Deputados. E o principal motivo a
dificultar uma tramitação e aprovação rápida da proposta é o fato de o governo
propor a criação de um imposto para contribuintes que ganham acima de R$ 50 mil
por mês, como compensação para a perda de R$ 35 bilhões em receitas com a
mudança na tabela do Imposto de Renda.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ranking dos Políticos,
divulgada nesta terça-feir (4) pelo jornal Estado de S.Paulo, revela que a
proposta do governo de ampliar para até R$ 5 mil a isenção do pagamento do
Imposto de Renda em conjunto com a taxação dos mais ricos divide o Congresso
Nacional.
De acordo com a pesquisa, na Câmara, 49,1% dos deputados são
favoráveis à proposta e 45,4% a rejeitam. Outros 5,5% não sabem ou não
responderam. No Senado, o apoio ao projeto chega a 50% dos parlamentares, e a
rejeição alcança 34,6%. Outros 15,4% dos senadores consultados não sabem ou não
responderam.
O diretor-geral do Ranking dos Políticos, Juan Carlos Arruda,
afirmou ao Estadão que os resultados do levantamento apontam que a proposta tem
um “forte potencial de aprovação”. A pesquisa ouviu 110 deputados de 18
partidos e 26 senadores de 11 siglas diferentes, respeitando o critério de
proporcionalidade partidária, entre os dias 11 e 12 de fevereiro. A margem de
erro é de 3,5 pontos porcentuais para mais ou para menos.
Deputados e senadores consultados pela pesquisa concordam que
as divergências em torno do projeto estão focadas na taxação dos mais
ricos. Na visão dos parlamentares contrários à medida, a criação desse imposto
pode causar fuga de investimentos do País.
Essa é a opinião, por exemplo, do líder do PL na Câmara,
deputado Sóstenes Cavalcante (RJ). Para ele, o problema para a aprovação do
projeto está na taxação da alta renda. “Para aumentar imposto, (a proposta) não
passa”, afirmou o deputado.
Já o líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), afirma que
a proposta é prioritária para base do governo, e que a chamada "taxação
dos mais ricos" vai atingir apenas 0,1% da população.
“Nós queremos priorizar a isenção do Imposto de Renda para
quem recebe até R$ 5 mil. Essa é uma proposta que vai atingir 85% dos
brasileiros. Agora, tem que haver uma compensação. A viabilização da proposta
terá de ser feita por meio da tributação de 10% sobre o 0,1% dos mais ricos do
país. Isso não é nada demais. O importante é que com o projeto, vai sobrar mais
dinheiro no bolso do trabalhador”, defendeu Lindbergh.
Por Bahia Notícias