Cinco deputados federais da Bahia - sendo um do PCdoB, dois do PSD e dois do PT - lideram o ranking de campeões de despesas pagas por meio da cota para exercício da atividade parlamentar, o chamado cotão, entre os integrantes da bancada do estado na Câmara em 2024. Na primeira colocação, aparece Daniel Almeida (PCdoB), cujos gastos este ano somaram aproximadamente R$ 495 mil. Na sequência, vêm Charles Fernandes e Gabriel Nunes, ambos do PSD, que consumiram cerca de R$ 488 mil e 470 mil, respectivamente. Completam a lista os petistas Joseildo Ramos (R$ 462 mil) e Jorge Solla (R$ 450 mil). O cotão é a verba mensal repassada pelo Congresso Nacional para cobrir despesas dos deputados com passagens aéreas, hospedagem, alimentação, aluguel de veículos, divulgação do mandato, manutenção de escritório político em suas cidades de origem, combustível, consultorias, telefone celular, segurança, Correios e fretamento de aviões.
Segunda fila
Mais dez deputados da bancada baiana em Brasília ultrapassaram a linha dos R$ 400 mil. São eles: Elmar Nascimento, Arthur Maia e Paulo Azi (União Brasil), Márcio Marinho e Rogéria Santos (Republicanos), Josias Gomes e Ivoneide Caetano (PT), Neto Carletto (PSD), Léo Prates (PDT) e Lídice da Mata (PSB). Outros sete chegaram bem perto dessa faixa: Valmir Assunção (PT), Alice Portugal (PCdoB), Antônio Brito (PSD), Leur Lomanto Júnior (União Brasil), Raimundo Costa (Podemos), Jonga Bacelar (PL) e João Leão (PP).
Mais ou menos
O recorte de gastos com o cotão que vai dos R$ 300 mil aos R$ 360 mil reúne a tropa mais numerosa, com 12 parlamentares ao todo: Otto Filho e Diego Coronel (PSD), Roberta Roma e Capitão Alden (PL), Claudio Cajado (PP), Ricardo Maia (MDB), Bacelar (PV), Dal Barreto (União Brasil), Félix Mendonça Júnior (PDT), Alex Santana (Republicanos), Adolfo Viana (PSDB) e Waldenor Pereira (PT). Logo abaixo, estão Paulo Magalhães (PSD), Mario Negromonte Júnior (PP) e José Rocha (União Brasil), com despesas respectivas de R$ 285 mil, R$ 254 mil e R$ 249 mil. No fim da fila, desponta Pastor Sargento Isidório (Avante), o mais econômico de todos, com R$ 120 mil, quatro vezes menos que o primeiro colocado.
Conta da farra
Ao todo, os 39 deputados federais da Bahia torraram 14 milhões dos cofres públicos para bancar despesas, boa parte delas de modo excessivo. Caso dos gastos com divulgação do mandato, item que sozinho custou ao bolso do contribuinte quase R$ 5 milhões em 2024, combustíveis (R$ 1,97 milhão) e passagens aéreas (R$ 1,8 milhão). A conta não inclui a remuneração dos parlamentares, limitada ao teto constitucional de R$ 44 mil, e nem a verba de gabinete, usada para bancar os salários de até 25 assessores contratados diretamente pelos parlamentares e que atuam em Brasília ou nos estados. Cada um tem direito a R$ 125,4 mil por mês para pagar a equipe de auxiliares, com valores que variam de R$ 1.492 a R$ 17.638.
Corda no pescoço
Líderes de partidos aliados ao Palácio do Planalto e da oposição estão convictos de que as denúncias sobre a trama para assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Alexandre de Moraes feriu de morte o bolsonarismo para 2026 e abriu espaço para que outros nomes da direita assumam o comando do polo contrário ao PT, a exemplo dos governadores de São Paulo, Tarcisio Gomes de Freitas (Republicanos), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). A avaliação foi feita à Metropolítica no rastro do indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) junto a mais 36 suspeitos de articular um golpe de estado em 2022 e tem como base a movimentação nas bolhas bolsonaristas.
Novo par
"Fora do espectro da extrema-direita raiz, que flerta abertamente com o golpismo, caiu de vez a ficha sobre quem de fato é o ex-presidente e suas reais intenções de restaurar a ditadura militar no país. Ganhou força também a certeza de que há provas suficientes para tirar Bolsonaro do jogo na próxima corrida presidencial. Esse sentimento, que pode crescer ainda mais diante do avanço das investigações, tende a afastar do bolsonarismo os eleitores da direita que estão saturados com o clima de ódio e agressividade e levá-los a embarcar maciçamente em alguém do mesmo campo com discurso mais moderado", avaliou um dirigente de partido da oposição ao governo Lula consultado pela coluna.
Próxima leva
Juristas que atuam nos processos da Operação Faroeste apostam que a desembargadora afastada Maria do Socorro Barreto Santiago será a próxima a receber do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a pena de aposentadoria compulsória antes da idade máxima para permanência no cargo, que é de 75 anos, por conta do envolvimento no esquema de grilagem e venda de sentenças operado no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ). Na última terça-feira (19), o CNJ aplicou a mesma medida contra a desembargadora Ligia Maria Ramos Cunha Lima, também implicada na Faroeste.
Saldo positivo
Ligia Maria foi a primeira integrante do Pleno do TJ a receber a pena disciplinar sob a acusação de participar do comércio de decisões no Judiciário baiano. Até então, as cinco aposentadorias compulsórias de desembargadores investigados pela Faroeste ocorreram após todos atingirem o limite de idade: Gesivaldo Britto, José Olegário Monção Caldas, Maria da Graça Pimentel Osório Leal, Ivanilton Santos e Ilona Márcia Reis. Para quem ainda não sabe, aposentar envolvido em corrupção é a forma usual de punição adotada para magistrados. Algo que mais parece um benefício, já que eles podem manter os gordos salários até o fim da vida.
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados