Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE
Consulta feita pela reportagem do Bahia Notícias ao Tribunal
Superior Eleitoral revela que, neste momento, existem 17 partidos em formação
no Brasil, ou seja, que estão buscando cumprir as exigências da legislação
eleitoral para terem seu registro chancelado pelo TSE. Desses partidos, o mais
adiantado de todos na coleta das assinaturas necessárias exigidas pelo Tribunal
é o Missão, partido que tenta ser criado pelos integrantes do Movimento Brasil
Livre (MBL).
A fase mais difícil enfrentada pelos partidos que tentam
conquistar a certificação oficial do TSE é a coleta de assinaturas em todo o
Brasil. Para que o partido seja oficializado, são necessária mais de 546 mil
assinaturas de pessoas não filiadas a outros partidos, conquistadas em no
mínimo nove unidades da Federação, e com os nomes reconhecidos e atestados em
cartório. O partido deve conseguir esse apoiamento no prazo de dois anos
contados da conquista da personalidade jurídica.
O Missão, que tem sede em São Paulo e é presidido por Renan
Ferreira dos Santos, dirigente do MBL, já conquistou até o momento um terço das
assinaturas necessárias. No TSE consta que o Missão conseguiu até agora 189.574
assinaturas já certificadas, e ainda precisa de cerca de 356 mil
apoiamentos.
O partido que tenta ser criado pelos integrantes do Movimento
Brasil livre conseguiu 91124 assinaturas em São Paulo; 19.590 no Rio de
Janeiro; 24.533 no Distrito Federal; 15.030 em Pernambuco; 11.595 na Bahia;
11.017 no Paraná; 7583 em Minas Gerais; 4124 no Rio Grande do Norte; 2695 em
Sergipe; 860 em Santa Catarina; 814 no Rio Grande do Sul; 476 na Paraíba; 133
no Ceará.
Em postagem recente nas suas redes sociais, o Missão
comemorou o fato de ter superado o Aliança Pelo Brasil, legenda que o
ex-presidente Jair Bolsonaro tentou viabilizar no TSE. Em abril de 2024, acabou
o prazo de dois anos para o partido conseguir as assinaturas necessárias, e
naquele momento, o partido sonhado por Bolsonaro e seus filhos haviam recolhido
apenas 183 mil assinaturas, que posteriormente foram descartadas.
Idealizado pelo mesmo grupo que fundou o MBL no final de
2014, na esteira das manifestações de rua surgidas após os primeiros escândalos
divulgados pela operação Lava jato, o Missão defende bandeiras como o
endurecimento das leis penais; o fim dos privilégios do funcionalismo; a
industrialização da região Nordeste; a guerra contra o tráfico de drogas; o
respeito à responsabilidade fiscal; a priorização da educação básica; o combate
implacável à corrupção; o aumento da qualidade em saúde; o combate à poluição e
ao desmatamento.
A legenda em formação tem 63 mil seguidores em sua conta no
Instagram, e cerca de 15 mil no X. O MBL, que tem entre suas principais
lideranças o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), quer conseguir
as assinaturas necessárias já em 2025 para poder estar apto a concorrer nas
eleições de 2026.
Depois da fusão entre PTB e Patriota, surgiu em novembro do
ano passado o PRD (Partido Renovação Democrática), que foi o último a obter o
registro oficial no Tribunal Superior Eleitoral. Atualmente, são 29 os partidos
registrados no Tribunal e com direito a funcionar, inclusive com recebimento de
verbas do fundo partidário.
Se os 17 que estão atualmente em busca de assinaturas para
viabilizar o seu registro conseguiram atingir os 546 mil apoiamentos
necessários para cumprir uma das exigências do TSE, o Brasil teria no ano que
vem um total de 46 partidos. Entretanto, a grande maioria das legendas que
tenta obter a certificação dos eleitores não consegue atingir a quantidade
mínima de assinaturas no prazo total de dois anos.
Em novembro do ano passado, eram 21 os partidos que estavam
registrados no TSE com autorização para o processo de coleta de assinaturas.
Esses 21 partidos em formação já haviam vencido as primeiras etapas previstas
na Lei nº 9.096/95 e na Resolução TSE nº 23.282/10 para obter a licença do
Tribunal para poderem oficialmente coletar os apoiamentos. Essas etapas
consistem nos seguintes passos:
- possuir
pelo menos 101 eleitores, com domicílio eleitoral em, no mínimo, um terço
dos Estados;
- elaborar
o programa e o estatuto do partido;
- eleger
os dirigentes nacionais provisórios;
- publicar
o inteiro teor do programa e do estatuto no Diário Oficial da União;
- obter
o registro cível no cartório da capital federal;
- informar
ao tribunal regional eleitoral sua comissão provisória ou pessoas
responsáveis pelo partido em formação.
Depois que cumprem essas primeiras exigências previstas na
legislação, as agremiações passam então pela fase mais difícil para conseguirem
a chancela do TSE, que é de conquistar o apoiamento mínimo de mais de 546 mil
eleitores com registro nos órgãos da Justiça Eleitoral, e em pelo menos nove
unidades da Federação. Das 21 agremiações que em novembro do ano passado
estavam nesta fase, 14 estouraram o prazo de dois anos e perderam o selo do TSE
de "partidos em formação".
Apenas sete dos 21 partidos que há exatos um ano já estavam
coletando assinaturas em apoio à sua criação seguem em busca de atingir o
número mínimo exigido pelo TSE. São esses os partidos:
1.
Consciência Democrática, com sede em Brasília e liderado por Cristiano
Rosa Abadia
2.
MCB, ou Movimento Consciência Brasil, presidido por Edmilson Gomes da
Silveira Junior, com sede em Goiânia
3.
MEB, ou Movimento Esperança Brasil, com sede no Espírito Santo, um grupo
liderado por Benedito Corrêa dos Santos
4.
Ordem, com sede em Brasília, presidido por Samuel Messias da Silva
Oliveira
5.
Partido Afrobrasilidade, ou Afro, é uma iniciativa surgida a partir de
Minas Gerais, comandada por Weder Gonzaga Fernandes Bueno
6.
Partido Ambientalistas, sediado em São Paulo, presidido por Wilson Grassi
Júnior
7.
Partido da Segurança Privada, ou PSP, com sede em Brasília, cujo grupo é
comandado por Kelson Renato Ribeiro
Em meio aos demais dez partidos que surgiram há menos tempo e
foram autorizados a coletar assinaturas, além do Missão, está o Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), que teve seu pedido de refundação autorizado em
dezembro do ano passado. O antigo PTB, que funcionava desde 1981, deixou de
existir em 9 de novembro de 2023, após o TSE deferir o pedido de fusão da sigla
com o Patriota, que fez nascer o Partido da Renovação Democrática (PRD).
Após a decisão do TSE, um grupo de 212 brizolistas, liderado
pelo ex-deputado federal Vivaldo Barbosa, realizou assembleia, homologou seu
estatuto, e ingressou rapidamente com pedido de refundação do PTB. Com a
autorização dada pelo TSE, o novo PTB tenta conseguir apoios, mas até agora,
não chancelou nenhuma assinatura nas 27 unidades federativas.
O presidente do novo PTB, Vivaldo Barbosa, segue afirmando
que o renascimento do PTB atende a um sonho não realizado pelo ex-governador
Leonel Brizola. Em 1980, o TSE concedeu a sigla do Partido Trabalhista
Brasileiro ao grupo encabeçado pela ex-deputada Ivete Vargas e o então advogado
Roberto Jefferson, que anos depois se tornaria presidente do partido. Ivete e
Jefferson fizeram o pedido de registro antes do ex-governador Brizola. Pela
quantidade de assinaturas conquistadas até o momento, o sonho de Leonel Brizola
seguirá sem ser realizado.
Veja abaixo outros partidos que buscam se viabilizar, mas
ainda possuem poucas assinaturas para alcançar o registro definitivo pelo TSE:
- Mais
- Meio Ambiente e Integração Social, com sede em São Paulo e que tem como
presidente Marcilio Duarte Lima.
- PCP
- Partido Capitalista Popular, com sede em Brasília, e presidido por
Agenor Candido Gomes
- Conservador
- Partido Conservador Brasileiro, com sede em São Paulo, presidido por
José Carlos Bernardi
- Partido
do Autista, com sede em São Paulo, presidido por Osmar Bria
- Partido
do Desenvolvimento Sustentável, com sede em Brasília, presidido por João
Caldas da Silva
- UTB
- União Trabalhista Brasileira, com sede em Brasília, presidido por Eryk
de Vaz Braga
- RCB
- Republicano Cristão Brasileiro, com sede em Brasília e presidido por
Michel Winter
- UDN
- UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONAL, com sede em São Paulo e presidido por Marcus
Alves de Souza
Pela lei dos partidos políticos, uma agremiação precisa
cumprir todos os passos e requisitos para sua criação até seis meses antes de
um pleito, se busca disputar uma eleição. As 21 siglas que tentam se viabilizar
no TSE teriam, portanto, até o começo do mês de abril para vencerem todas as
exigências a fim de conseguir ter seu número na urna eletrônica em outubro de
2026.
Por Bahia Notícias