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Antonio Cruz / EBC
A Câmara dos
Deputados aprovou na noite desta terça-feira (19) o projeto de lei que prorroga
a lei de cotas para negros em concursos públicos.
A proposta
aprovada pelos deputados mantém a premissa da legislação atual ao reservar
parte das vagas para negros, mas aumenta o percentual dos atuais 20% para 30%.
Outra mudança significativa foi a inclusão expressa de indígenas e quilombolas
entre os beneficiados.
Nesta terça,
foram 241 votos favoráveis e 94 contrários, além de duas abstenções. Orientaram
contra os partidos PL e Novo, assim como minoria e oposição.
Governistas
pressionavam pela conclusão da votação ainda nesta terça para que houvesse
tempo de o presidente Lula (PT) sancionar a norma nesta quarta-feira (20), data
em que é celebrado nacionalmente o Dia da Consciência Negra.
Mas, diante
da resistência de parlamentares da oposição, a relatora teve de alterar o texto
no plenário e, dessa forma, a proposta voltará para análise no Senado.
Entre as
mudanças que foram feitas ao texto está a diminuição de 10 para 5 anos na
obrigatoriedade para uma nova avaliação da política de cotas. Essa revisão será
feita pelo Executivo. Além disso, foi retirado do projeto o procedimento de
confirmação complementar à autodeclaração dos candidatos.
A norma diz
que na hipótese de denúncias de fraude ou má-fé na autodeclaração, o órgão ou
entidade responsável pelo certame "instaurará procedimento administrativo
para averiguação dos fatos, respeitados os princípios do contraditório e da
ampla defesa".
Nesses
casos, se for concluído que houve ocorrência de fraude, o candidato será
eliminado do concurso, caso o certame ainda esteja em andamento, ou terá
anulada sua admissão ao cargo ou emprego público, "sem prejuízo de outras
sanções cabíveis", caso já tenha sido nomeado.
Além disso,
o Ministério Público poderá apurar eventual ocorrência de ilícito penal e a
Advocacia-Geral da União poderá apurar a necessidade de ressarcimento ao
erário.
O projeto
foi aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado em maio
deste ano e enviado diretamente à Câmara. Os deputados aprovaram o requerimento
de urgência do projeto na semana passada, acelerando a sua tramitação na Casa.
A política
de cotas em concursos públicos expirava no início de junho —dez anos depois da
lei em vigor, aprovada em 2014 por iniciativa do governo Dilma Rousseff (PT).
Diante desse prazo, o STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria no dia 13
daquele mês para prorrogar a validade dessas cotas até o momento de aprovação
pelo Congresso Nacional e da sanção presidencial das novas regras.
Parlamentares
da oposição criticaram a proposta ao longo da discussão do texto. "Sou a
favor de cotas sociais. Esse projeto é um retrocesso e vai segregar a população
e dividir o povo brasileiro", afirmou o deputado Cabo Gilberto Silva
(PL-PB).
"A
oposição não tem como concordar com um projeto desses. Não tem que dividir,
levar em consideração quem é preto e quem não é preto", disse Helio Lopes
(PL-RJ).
A deputada
Carol Dartora (PT-PR), relatora do projeto de lei, agradeceu no púlpito ao
trabalho das ministras Anielle Franco (Igualdade Racial), Sonia Guajajara
(Povos Indígenas) e Esther Dweck (Gestão), além de movimentos sociais que
"lutam diariamente por inclusão e direitos".
Em seu
parecer, ela afirma que o projeto é uma "oportunidade de reparação
histórica pelas injustiças sofridas pela população negra, indígena e
quilombola".
A relatora
também diz que a presença de maior pluralidade "fortalece o funcionamento
da máquina pública, ao incorporar perspectivas diversas e qualificadas".
Por Bahia
Notícias