
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Mais de 45% dos adolescentes
brasileiros de 15 anos têm conhecimento em educação financeira abaixo do
considerado adequado, segundo os resultados do Pisa, uma das principais
avaliações internacionais de qualidade da educação básica.
Os dados foram divulgados nesta
quinta-feira (27) pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico). Entre os 20 países que participaram da avaliação, o Brasil ficou em
18º lugar, com desempenho semelhante ao do Peru, Costa Rica e Arábia Saudita.
Na média, os países membros da
OCDE têm 17,9% dos estudantes dessa idade com desempenho abaixo do esperado.
Nesse patamar, os jovens conseguem, na melhor das hipóteses, reconhecer a
diferença entre necessidade e desejo de adquirir/consumir algo e tomar decisões
simples sobre gastos diários.
O nível de conhecimento
considerado adequado pelo Pisa é quando os estudantes conseguem fazer planos
financeiros em contextos simples, como compreender as taxas de juros de um
empréstimo ou interpretar corretamente documentos, como faturas de cartão ou um
recibo de pagamento.
"Educação financeira é
garantir que os estudantes tenham conhecimento dos conceitos e riscos
financeiros, bem como garantir que eles tenham competência para aplicar essa
compreensão na tomada de decisões", diz a definição do relatório.
O Pisa tradicionalmente avalia
os conhecimentos dos alunos de 15 anos em matemática, ciências e leitura. Há
uma década, o Brasil tem registrado baixo desempenho em todas as áreas
analisadas.
As questões, que avaliaram o
conhecimento em educação financeira, foram feitas na mesma prova aplicada em
2022, que analisou ainda a capacidade de pensamento crítico dos jovens.
Cerca de 98 mil estudantes de 15
anos fizeram a avaliação de educação financeira. Eles representam quase 9,5
milhões de adolescentes dessa idade nos 20 países participantes.
Dinamarca, Canadá, Holanda,
República Tcheca e Áustria foram os países com o menor percentual de estudantes
abaixo do nível adequado.
Ainda que o Brasil tenha
apresentado um dos desempenhos mais baixos, o relatório da OCDE destaca que o
país avançou ao longo dos anos. Em 2015, quando uma avaliação semelhante foi
aplicada, 53% dos estudantes brasileiros não tinham conhecimentos básicos sobre
educação financeira.
O documento destaca que a
melhora no desempenho é reflexo da inclusão da educação financeira no currículo
escolar brasileiro. "No Brasil, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular)
inclui a educação financeira como tema transversal obrigatório, a ser integrado
em outras disciplinas obrigatórias", afirma.
O relatório também avalia que os
países avaliados enfrentam um desafio em comum, dar apoio e condições para que
os estudantes mais vulneráveis tenham condições de tomar decisões responsáveis
economicamente.
"Os resultados mostram que
os estudantes socioeconomicamente desfavorecidos estão nos níveis de menor
desempenho, o que mostra ser imperioso adotar políticas para evitar o aumento
das desigualdades", diz o documento.
No Brasil, a diferença entre a
média dos estudantes mais ricos e a dos mais pobres foi de 86 pontos. O
relatório também mostra que as meninas brasileiras tiveram melhor desempenho
que os meninos, com 5 pontos a mais na média.
Por Bahia
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