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A Justiça Federal no Rio Grande
do Sul suspendeu o leilão de arroz importado agendado pelo governo federal para
a manhã desta quinta-feira (6).
A decisão, em caráter liminar,
foi tomada pelo juiz federal substituto Bruno Risch Fagundes de Oliveira na
noite desta quarta (5). Segundo ele, é prematuro agendar o leilão para esta
semana tendo em vista a ausência de comprovação de que o mercado nacional
sofrerá o impacto negativo esperado decorrente das enchentes no Sul.
O juiz afirma em sua decisão que
o Rio Grande do Sul ainda sofre com os impactos da enchente, o que
justificaria, inclusive, dificuldade por parte dos produtores e entes locais de
manifestar adequadamente os seus pontos de vista acerca da importação. Para
ele, isso justifica a suspensão, a fim de preservar a isonomia e a livre
concorrência.
"Entendo pertinente que
entidades representativas dos produtores de arroz possam dialogar, de forma
democrática, a fim de elucidar a real capacidade produtiva e de escoamento da
produção. A crise gerada pela catástrofe sem precedentes dificultou, certamente,
um aprofundamento recente no tema", afirma.
O juiz escreve, ainda, que a
decisão não significa que a importação está vedada ou que a medida do governo
seja inconstitucional. De acordo com Oliveira, o leilão pode ser, inclusive,
reagendado.
O objetivo anunciado pelo
governo é mitigar os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul, grande
produtor do cereal, e evitar a escassez e a inflação do produto. De acordo com
as regras divulgadas, a entrega dos bens comprados deve ser feita até 8 de setembro.
Ainda segundo o governo, a
medida foi necessária em função da importância do estado na produção de arroz e
porque a calamidade observada a partir do mês passado pode desencadear
repercussões negativas no abastecimento e nos preços internos, "colocando
em risco a segurança alimentar e nutricional da população".
A decisão do governo de
autorizar a compra causou incômodo entre produtores nacionais, levando a CNA
(Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) a questionar o tema no STF
(Supremo Tribunal Federal). A entidade demandou explicações sobre a medida,
vista como um equívoco de diagnóstico, ao protocolar na segunda-feira (3) ação
pedindo também a suspensão do leilão desta quinta.
Segundo a CNA, a importação tem
potencial de desestruturar a cadeia produtiva ao criar instabilidade de preços,
prejudicar produtores locais, desconsiderar grãos já colhidos e armazenados e,
ainda, comprometer as economias de produtores rurais que hoje já sofrem com a
tragédia e com os impactos das enchentes.
A entidade questiona a
constitucionalidade das normas referentes ao tema. São duas medidas
provisórias, duas portarias interministeriais e uma resolução do comitê gestor
da Câmara de Comércio Exterior.
Na ação, a CNA indica que os
produtores rurais, especialmente os produtores de arroz do RS, não foram
ouvidos no processo de formulação dessa política de importação. A entidade
afirma, ainda, que a importação do arroz viola a Constituição e seria uma medida
abusiva de intervenção do poder público na atividade econômica, restringindo a
livre concorrência.
A Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) já havia divulgado, entre os detalhes do edital, o rótulo
que deverá estar nas embalagens de arroz importado adquirido com recursos da
União neste ano. Segundo as regras, o texto afirmará que o produto foi comprado
pelo governo federal, carregará a marca da atual gestão e estabelecerá, para o
pacote de 5 quilos, o preço máximo de R$ 20.
O leilã havia sido marcado para
esta quinta e seria de responsabilidade da Conab, empresa pública vinculada ao
Ministério do Desenvolvimento Agrário. A previsão de compra era de até 300 mil
toneladas do produto.
Segundo o governo, os gastos
ficarão limitados a R$ 1,7 bilhão, enquanto as despesas de equalização de
preços para a venda do produto estão estimadas em R$ 630 milhões.
O edital define que o produto
deverá ter aspecto, cor, odor e sabor característico de arroz beneficiado
polido longo fino tipo 1. O produto deverá estar em embalagem com capacidade de
5 quilos transparente que permita a visualização do produto.
De acordo com a Conab, a
intenção é que o arroz adquirido seja destinado às regiões metropolitanas a
serem definidas com base em indicadores de insegurança alimentar. Os
compradores deverão vender o arroz exclusivamente para o consumidor final.
Por Bahia
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