
Plantação de soja em Formosa do Rio Preto, no oeste baiano Crédito: Victor Moriyama/Greenpeace
Em um ano, o número de alertas de desmatamentos na
Bahia cresceu 61,5%, de acordo com dados do Relatório Anual do Desmatamento,
divulgado pelo MapBiomas. Em todo o ano passado, foram registrados 9.668
alertas, contra 5.985 no ano anterior. O estado aparece em segundo lugar no
ranking, atrás apenas do Pará.
A pesquisa utiliza imagens de satélite de alta
resolução para identificar a perda de vegetação nativa em todas as regiões do
país. Em seguida, a área mapeada fica destacada com um alerta em vermelho no
site do MapBiomas. Derrubada de árvores isoladas não são consideradas
desmatamento. O MapBiomas realiza o levantamento desde 2019, ano em que a Bahia
registrou 1.220 alertas. Não há diferenciação, no estudo, de desflorestamento
legal ou ilegal.
O oeste baiano é a região que mais sofre os
impactos do desmatamento, com destaque para as cidades de São Desidério,
Jaborandi, Cocos e Barreiras. As quatro aparecem no ranking dos municípios com
as maiores áreas desmatadas do Brasil. O avanço da fronteira agrícola,
especialmente da soja, é responsável pelo aumento dos alertas. Foram 290.606
hectares desmatados no ano passado no estado, o que equivale a 737 campos de
futebol por dia.
Mas nem sempre a supressão da vegetação dá lugar a
áreas produtivas, como explica Yuri Salmona, diretor executivo do Instituto
Cerrados. “Parte do desmatamento é feito para especular. Não necessariamente a
pessoa vai produzir, mas a área desmatada já valoriza a terra para a venda”,
diz. Para o especialista, é preciso que os critérios que autorizam o
desmatamento sejam revistos.
“As secretarias de meio ambiente do estado estão
dando autorizações de supressão de vegetação com critérios muito frágeis e de
uma maneira pouco criteriosa”, completa. Na esfera estadual, o Instituto do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) é responsável pelas autorizações.
O órgão foi procurado, através da sua assessoria de
imprensa, sobre os critérios utilizados para a concessão, mas não respondeu ao
contato da reportagem. A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) também não se
manifestou até a publicação desta matéria.
Cidades baianas com as maiores médias de
desmatamento por dia (hectares/dia) em 2023, segundo o MapBiomas
São Desidério: 110
Jaborandi: 87
Cocos: 58
Barreiras: 57
Correntina: 48
Formosa do Rio Preto: 43
Santa Rita de Cássia: 41
Riachão das Neves: 24
Cotegipe: 23
Barra: 16
Por Correio24horas