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A aprovação do projeto
"Bahia Pela Paz", na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), contou
com uma movimentação no mínimo inusitada. Contando com a bancada de oposição
para garantir o quórum para apreciação da matéria, a base governista demonstrou
e expôs a fragilidade do grupo, além da dificuldade do líder do bloco, deputado
estadual Rosemberg Pinto (PT), em "controlar" alguns
parlamentares.
Com matérias de urgência ainda
pendentes de aprovação, como o aumento do salário do funcionalismo do estado e
um novo empréstimo pedido pelo governo, logo após a sessão da última
terça-feira (14), a base governista presente foi consultada por Rosemberg para
analisar a viabilidade de votar nesta quarta-feira (15). Apesar disso, alguns
parlamentares não confirmaram presença, explicitando de certa forma a
base.
O Bahia Notícias entrou em
contato com alguns deputados do bloco governista, onde a avaliação, quase
unânime, é que existe uma "base inchada", onde o governo não estaria
conseguindo atender de forma satisfatória as demandas dos parlamentares. A
insatisfação seria a razão dos recentes "embates internos" em
votações na AL-BA. "Gera muitos descontentamento. Alguns defendem uma base
mais enxuta", indicou um deputado.
Outro ponto ressaltado é como o
grupo estaria "refém" da oposição que, atualmente, é comandada pelo
deputado estadual Alan Sanches (União). Na avaliação de outro parlamentar é que
a estratégia de "acenar para todos os deputados" acaba expondo o
grupo e deixando na mão da oposição a manutenção das sessões. Na última terça-feira (15), a manobra trouxe à
tona uma articulação capitaneada pelos próprios deputados da ala governista que
tentaram, até o último minuto, usar a diferença de quórum para pressionar ou
“mandar um recado” ao governador Jerônimo Rodrigues (PT).
"Acena para todo mundo,
fica a oposição mais colaborativa. Alargou a base e fica refém da oposição.
Isso expõe muito, ontem foi muito lamentável, o líder recua para a sessão não
cair. É uma fraqueza", completou outro deputado que integra a base
governista.
O BN também revelou um
"encontro paralelo", com ao menos oito deputados que estavam reunidos
no 2º andar, na sala de uma das lideranças, durante sessão de ontem. Nos
bastidores, o entendimento é que os deputados, percebendo que seus votos faziam
diferença, supostamente tentaram articular alguma espécie de favorecimento.
Esse grupo seria o chamado G8, ligado ao presidente do Avante, Ronaldo
Carletto.
Ao final da sessão, o Bahia
Notícias flagrou os deputados Vitor Azevedo (PL), que faz parte do governo,
mesmo sendo de um partido da oposição; e Niltinho e Nelson Leal, ambos do PP,
descendo as escadas apressados em direção ao estacionamento. Já o deputado
Luciano Araújo, presidente estadual do Solidariedade, foi visto um pouco
depois. Não é possível afirmar, no entanto, que os quatro estivessem juntos,
tampouco cravar que eles estivessem na ‘reunião paralela’. Coincidência ou não,
uma foto tirada do painel de votação mostra que os quatro deputados estavam
ausentes.
CRÍTICA ABERTA
A relação com os parlamentares
teria um reflexo claro na atuação dos deputados frente a apreciação de demandas
do governo da AL-BA. A definição seria de "falta de prioridade da relação
com os deputados". O entendimento de boa parte dos deputados seria que o
governo, através da Secretaria de Relações Institucionais e da chefia de
gabinete teria criado uma "relação direta" com os prefeitos,
enfraquecendo a atuação dos estaduais.
Com muitos deputados não sendo
atendidos, a reclamação seria quase que unânime. "[Os deputados estão]
muito chateados de não levarem os prefeitos. Eles têm acesso direto,
muitas vezes sem até os deputados saberem", comentou um interlocutor do
governo.
Outro ponto ainda seria a
ausência dos pagamentos das emendas parlamentares, que estariam sendo
represados pela gestão.
Por Bahia
Notícias