
Foto: Bruno Spada/Câmara dos
Deputados
Com 277 votos a favor e 129
votos contrários, foi aprovada no Plenário da Câmara dos Deputados, nesta
quarta-feira (10), a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão
(sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora
do Rio Janeiro, Marielle Franco, em março de 2018. Chiquinho Brazão está detido
desde 24 de março, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, ratificada
depois por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Eram
necessários 257 votos para que a prisão fosse chancelada pela Câmara.
Depois de ter sido aprovado na
Comissão de Constituição e Justiça por 39 votos a favor e 25 contra, o
relatório do deputado Darci de Matos (PSD-SC) foi apreciado no Plenário da
Câmara. Darci de Matos recomendou manter a prisão de Brazão com base na decisão
do Supremo Tribunal Federal (STF), que argumentou ser necessária a detenção sob
risco de Brazão obstruir a Justiça.
"A flagrância decorre da
obstrução permanente e continuada da Justiça. E em organização criminosa o
crime passa a ser inafiançável', afirmou o relator.
No último dia 26, por
videoconferência na reunião da CCJ, Chiquinho Brazão, que já estava preso,
disse que tinha um ótimo relacionamento com a vereadora Marielle Franco,
durante seu mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. E que havia apenas
uma "simples discordância de pontos de vista" sobre o projeto de
lei municipal que regulamentava condomínios irregulares na cidade do Rio de
Janeiro.
Na sessão desta quarta no
Plenário, o deputado Chiquinho Brazão tinha direito a usar a palavra para
apresentar sua defesa. Por questões técnicas, entretanto, o deputado não
conseguiu se pronunciar do presídio em que se encontra. O advogado Cleber
Lopes, que faz a defesa do deputado Brazão, teve direito a falar e rebateu os
argumentos do relator a favor da manutenção da prisão.
A defesa do deputado questiona
se o STF teria a prerrogativa para processar e julgar o caso, já que o
crime em que o congressista é acusado se deu em março de 2018. À época,
Chiquinho era vereador do Rio de Janeiro.
Ao decretar a prisão, o ministro
Alexandre de Moraes justificou que houve tentativas de obstrução da
investigação quando Chiquinho Brazão já era deputado. O STF fixou a tese
de que o foro privilegiado, usado no caso de Brazão, é aplicável só aos crimes
cometidos durante o exercício do cargo e "relacionados às funções
desempenhadas".
Mais cedo nesta quarta, o
Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou processo que poderá
levar à cassação do mandato de deputado de Chiquinho Brazão. O pedido para
abertura do processo disciplinar (nº 4/2024) no colegiado foi feito pelo PSOL
[Partido Socialismo e Liberdade] para que seja apurada a suposta quebra de
decoro parlamentar.
O presidente do Conselho de
Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), sorteou três nomes de possíveis
relatores para o processo: Ricardo Ayres (Republicanos-TO); Bruno Ganem
(Podemos-SP); e Gabriel Mota (Republicanos–RR). Já os deputados pertencentes ao
antigo partido dele foram excluídos do sorteio.
Leur Lomanto ainda informou que
solicitou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a
possibilidade de Chiquinho Brazão se manifestar durante a reunião, o que não
ocorreu.
Durante a sessão do Conselho de
Ética, o deputado Domingos Sávio (PL-MG) protocolou nova representação para
pedir, também, a perda do mandato de Chiquinho Brazão. Ele ainda manifestou
discordância da ordem do STF de prisão em flagrante de Chiquinho Brazão. Apesar
da divergência, o parlamentar de Minas Gerais afirmou que o convívio com o
acusado na Câmara é inaceitável.
Por Bahia
Notícias