Foto: Marcello Casal Jr /
Agência Brasil
O presidente do PL, Valdemar
Costa Neto, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres destoaram de outros
aliados de Jair Bolsonaro (PL) e responderam à s perguntas da PolÃcia Federal
durante depoimento, nesta quinta-feira (22), referente às investigações sobre
os planos discutidos no fim de 2022 para um golpe de Estado contra a eleição de
Lula (PT) à Presidência da República.
Valdemar encerrou o depoimento
na sede da PF, em BrasÃlia, por volta de 17h15. Segundo a defesa do polÃtico,
ele "respondeu todas as perguntas que lhe foram feitas". Os
advogados, porém, decidiram não fazer comentários sobre as apurações.
De acordo com a Folha de
S.Paulo, Anderson Torres seguia prestando esclarecimentos aos investigadores
durante esta tarde. A decisão do ex-ministro de não silenciar diante da PF já
havia sido anunciada pela defesa.
"[Anderson] reafirma,
assim, sua disposição para cooperar com as investigações e esclarecer toda e
qualquer dúvida que houver, pois é o maior interessado na apuração isenta dos
fatos", disse o advogado Eumar Novacki.
Bolsonaro e os oficiais-generais
Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Almir Garnier ficaram em
silêncio. As defesas dos investigados alegam que não tiveram acesso à Ãntegra
dos documentos apreendidos pela PolÃcia Federal, como os anexos da delação do
tenente-coronel Mauro Cid.
Advogados do ex-presidente
pediram três vezes ao STF (Supremo Tribunal Federal) para adiar a data da
oitiva de Bolsonaro. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, negou os
três pedidos.
Bolsonaro chegou à sede da PF em
BrasÃlia por volta das 14h20. O depoimento estava previsto para começar à s
14h30. Com a decisão de Bolsonaro de se manter em silêncio, o depoimento foi
encerrado pouco depois. Ex-ministros, ex-assessores, militares e aliados também
foram intimados a prestar esclarecimentos à PF no mesmo horário. No total, 23
pessoas. Só em BrasÃlia, 13.
O advogado de Bolsonaro, Paulo
Bueno, disse nesta quinta que a defesa não teve acesso a todos os elementos das
imputações contra o ex-presidente, o que motivou a opção pelo silêncio. Ele
também afirmou que Bolsonaro nunca foi simpático ao movimento golpista.
"O presidente fez o
silêncio, como a defesa antecipou. Esse silêncio, quero deixar claro, não é
simplesmente o uso do direito constitucional, mas estratégia baseada no fato de
que a defesa não teve acesso a todos os elementos que estão sendo imputados ao
presidente a prática de certos delitos."
A PF investiga as tratativas por
um golpe de Estado desde que encontrou na casa do ex-ministro da Justiça
Anderson Torres, em janeiro de 2023, uma minuta de decreto para Bolsonaro
instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O
objetivo seria reverter o resultado da eleição, segundo os investigadores.
Com a delação de Mauro Cid e as
provas obtidas em outras operações, a PF chegou à conclusão de que Bolsonaro
teve acesso a versões da minuta golpista (não exatamente a mesma que estava com
Torres).
De acordo com as investigações,
ele chegou a pedir modificações no texto e apresentar a proposta aos chefes
militares, para sondar um possÃvel apoio das Forças Armadas à empreitada.