As mortes causadas pela Covid-19 deixaram 40.830 crianças e adolescentes órfãos de mãe no Brasil entre 2020 e 2021. O número é resultado de um estudo realizado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicado na revista científica Archives of Public Health.

O levantamento levou em consideração os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, nos últimos dois anos, e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), entre 2003 e 2020. Uma das limitações da pesquisa é que as informações de mortes de 2021 são preliminares.

Divulgada nesta segunda-feira (26), a pesquisa traz o parecer dos autores de que houve atraso na adoção de medidas necessárias para o controle da doença, provocando grande número de mortes evitáveis. Os pesquisadores também alertam que a morte de um “progenitor”, especialmente da mãe, está ligada a “desfechos adversos ao longo da vida e tem graves consequências para o bem-estar da família”.

As crianças e os adolescentes afetados pela perda necessitam, com urgência,  da adoção de políticas públicas intersetoriais de proteção, segundo alerta o Coordenador do Observatório de Saúde na Infância, iniciativa da Fiocruz com a Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase).

“A experiência da epidemia do HIV/SIDA tem demonstrado que as crianças órfãs são particularmente vulneráveis a nível emocional e comportamental, exigindo programas de intervenção para atenuar as consequências psicológicas da perda de um dos progenitores”, destaca.