O placar de votação do texto-base foi de 63 votos contra 11. Agora, os senadores analisam os destaques (sugestão de alteração no texto).
 

Por se tratar de uma PEC, a proposta tem que ser analisada ainda em segundo turno. O Senado já havia aprovado a PEC no último 7 de dezembro. Mas, devido às alterações feitas na Câmara em sessão desta quarta-feira (21), senadores precisaram fazer uma nova votação.
 

O texto amplia o teto de gastos por um ano para pagar as parcelas de R$ 600 do Bolsa Família, com adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos.
 

O relator da proposta, senador Alexandre Silveira (PSD-MG), carimbou o texto aprovado também nesta quarta pelos deputados.
 

A PEC ainda redistribui os R$ 19,4 bilhões das emendas de relator, conhecidas como "orçamento secreto". A medida abre brecha para que parte do valor fique nas mãos do relator, o senador Marcelo Castro (MDB-PI).
 

O QUE DIZ A PEC APROVADA?
 

- Flexibiliza em R$ 145 bilhões o teto de gastos até 2023.
 

- Libera R$ 23 bilhões para investimentos fora do teto se houver arrecadação de receitas extraordinárias.
 

- As emendas para atender as solicitações das comissões permanentes deverão ser apresentadas pelo relator-geral do Orçamento 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI).
 

- O governo Lula fica obrigado a enviar, até agosto de 2023, uma proposta para substituir ou alterar a regra do teto de gastos.
 

- O auxílio-gás integra o rol de programas que ficam dispensados de cumprir a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
 

COMO FICOU A DIVISÃO DAS EMENDAS DO ORÇAMENTO SECRETO?
 

O valor de R$ 19,4 bilhões era previsto para o ano que vem, mas foi considerado inconstitucional pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
 

Com isso, a PEC realocou os recursos da seguinte maneira:
 

- Aumenta o limite para emendas individuais impositivas (de pagamento obrigatório) para 2% da Receita Corrente Líquida, para realocar R$ 9,85 bilhões do orçamento secreto.
 

- Esses 2% serão divididos em 1,55% do valor para deputados e 0,45% para senadores.
 

- Aumenta as emendas de ministérios no valor de R$ 9,85 bilhões no ano que vem, mas caberá ao relator do orçamento fazer as indicações.
 

Quais foram as alterações feitas pelos deputados?
 

- O prazo de validade da medida para um ano --o texto aprovado no Senado previa dois.
 

- O plenário acatou um destaque do PL que retira a citação expressa da "equipe de transição" do novo governo como fonte indicadora de solicitações de recursos.
 

COMO FOI A VOTAÇÃO NA CÂMARA?
 

Os deputados concluíram hoje a aprovação da PEC de Transição, que viabiliza o pagamento de promessas de campanha do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
 

A análise começou ainda ontem (20), após o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliados de Lula e deputados do Centrão fecharem um acordo sobre o texto. No entanto, Lira precisou suspender a sessão temendo que o texto fosse desidratado.
 

A proposta foi votada nesta quarta em segundo turno e o texto-base recebeu 331 votos favoráveis contra 163 — eram necessários 308 votos para a aprovação. Nenhum destaque (sugestão de mudança no projeto) foi aprovado nesta quarta.
 

DESTAQUE DO NOVO AMEAÇA REVÉS
 

Lira suspendeu a sessão no fim da noite de ontem antes da análise do destaque apresentado pela bancada do Novo, que criava barreira para o governo eleito mudar regra fiscal em 2023.
 

O relator temia grande adesão entre os deputados, sobretudo do Centrão. Mas, na votação de hoje, a sugestão foi rejeitada por 366 votos contra 130.
 

O que dizia o destaque?
 

- Retira da PEC o trecho que permite que o novo governo envie até 31 de agosto de 2023 uma proposta de nova âncora fiscal para alterar o teto de gastos por lei complementar. Ou seja, sem a necessidade de uma PEC.
 

- Na prática, a alteração exige maior apoio político a Lula no ano que vem. Um projeto de lei complementar precisa de 257 votos dos 513 deputados e 41 votos dos 81 senadores.
 

- Se for por meio de PEC, é necessário o apoio de 308 deputados e 49 senadores, em uma votação de dois turnos, tanto na Câmara quanto no Senado.

Foto: Marcos Oliveira / Agência Brasil