Tem sido bastante difícil conseguir um transplante de órgãos na Bahia, neste final de ano. Segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), só no mês passado mais de 2700 pessoas estavam na fila aguardando a doação de órgãos. No primeiro trimestre deste ano as doações de pâncreas, pulmão, rim, coração e fígado diminuíram em 8,6%.

“Em comparação ao ano passado registramos uma baixa quantidade de doações. Nossos pacientes têm sofrido bastante por aguardar nessa fila. O ritmo de doações é muito inferior ao necessário para atender o número de pacientes que aguardam na fila de transplante. Precisamos conscientizar a população para a doação de órgãos de forma melhorar essa situação”, explica a médica nefrologista Fernanda Albuquerque, coordenadora do Hospital Alayde Costa.

O sofrimento é maior ainda para pacientes com doença renal crônica. Além de esperarem por uma doação, eles também precisam realizar sessões de hemodiálises enquanto aguardam a doação. A demanda pelo transplante renal é muito grande, não só na Bahia como em todo Brasil.

“Quem precisa de uma doação deste órgão enfrenta além da espera, as sessões de hemodiálise e algumas vezes a necessidade de longos deslocamentos para realizar o tratamento quando residem em localidades que não tem serviços de nefrologia com oferta tratamento dialítico, sendo que realizam três sessões por semana, o que faz com que alguns passem mais tempo viajando para fazer o tratamento do que em suas casas”, aponta Albuquerque.

A pandemia também causou grandes efeitos nos números de doação. No último ano, antes do período pandêmico, 111 pessoas doaram múltiplos órgãos no estado. O número de transplantes, por exemplo, registrou queda de 6,9%, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. Já no ano passado, apenas 65 famílias realizaram a doação. Para a médica, uma das explicações desse declínio nas doações se deve à falta de conhecimento das famílias sobre o diagnóstico de morte cerebral e o processo de direção dos órgãos.

“Muitos familiares de doadores ficam receosos quanto ao diagnóstico de morte encefálica e acabam não autorizando a doação, e todo o procedimento só pode ser realizado com a autorização deles. Por isso é muito importante a sensibilização e o acolhimento da família neste processo. A autorização familiar contribui para a redução de pacientes na fila de espera e acaba salvando muitas vidas”, esclarece Fernanda.

A especialista explica também que o processo de seleção realizado na fila única é baseado em alguns aspectos como o grupo sanguíneo, o peso e altura do doador.

“Essa fila única de transplantes não é só por ordem de chegada, mas envolve uma série de outros fatores. A seleção para a doação leva em conta o tipo sanguíneo, altura, peso do doador e aspectos próprios de cada órgão. Após surgir um novo doador a Central inicia esse processo e uma série de exames é feita no doador. O desenvolver da fila única é analisado caso a caso, em um único sistema“, conclui a nefrologista. Com informações de assessoria.