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BC mantém Selic em 15% ao ano pela 4ª vez e não sinaliza queda de juros em janeiro

Publicada em: 11/12/2025 06:37 -

Foto: Rafa Neddermeyer / EBC

 

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manteve nesta quarta-feira (10), em decisão unânime, a taxa básica de juros fixada em 15% ao ano pela quarta reunião seguida, fechando 2025 com a Selic no nível mais alto em quase duas décadas.
 

Apesar da desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) e da pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela queda dos juros, o colegiado do BC optou por uma postura mais conservadora e empurrou os cortes da Selic para 2026, ano eleitoral.
 

No comunicado, o comitê não sinalizou os próximos passos e manteve a indefinição sobre o início de queda de juros à frente. Reforçou que o cenário atual segue marcado por elevada incerteza, o que exige "cautela" na condução da política de juros, e enfatizou que continuará "vigilante".
 

"O comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta", afirmou. Até o encontro anterior, em novembro, o colegiado avaliava a estratégia como "suficiente". Com a mudança de linguagem, voltou a mostrar confiança no processo em curso.
 

No mercado financeiro, era unânime a expectativa de que os juros ficariam inalterados no último encontro deste ano. Levantamento feito pela Bloomberg mostrava que a manutenção em 15% ao ano era a projeção de todas as instituições consultadas.
 

A decisão do Copom confirmou o aumento da diferença entre os juros dos Estados Unidos e do Brasil. Mais cedo, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) reduziu a taxa em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 3,5% e 3,75% ao ano. Agora, o diferencial está em 11,25 pontos percentuais, levando em conta o limite superior do índice americano.
 

No Brasil, a Selic ficou estacionada ao longo de todo o segundo semestre depois de um ciclo de alta de juros que durou de setembro de 2024 a junho. Ao longo do processo, a taxa básica acumulou elevação de 4,5 pontos percentuais, de 10,5% a 15% ao ano, atingindo o patamar mais alto desde julho de 2006.
 

A manutenção dos juros consolida a estratégia do colegiado de deixar a Selic em um patamar alto o suficiente para moderar o crescimento da economia e, consequentemente, controlar a inflação, visto que uma demanda mais contida tende a reduzir a pressão sobre os preços.
 

Os dados observados nos últimos meses sinalizam que a atividade econômica vem perdendo fôlego. Na última quinta (4), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que o PIB do Brasil avançou 0,1% no terceiro trimestre deste ano na comparação com os três meses anteriores. O setor de serviços ficou praticamente estável no período.
 

Na avaliação do comitê, os indicadores seguem apresentado o comportamento esperado, com "trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica, como observado na última divulgação do PIB".
 

O mercado de trabalho, contudo, continua dando sinais de dinamismo, observou o Copom. A taxa de desemprego do Brasil ficou em 5,4% no trimestre encerrado em outubro -menor nível da série histórica iniciada em 2012.
 

Desde o encontro anterior, em novembro, a trajetória da inflação tem se mostrado mais favorável. No mês passado, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) desacelerou a 4,46% no acumulado em 12 meses e voltou a ficar abaixo do teto da meta perseguida pelo Banco Central, o que não acontecia desde setembro de 2024.
 

No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação recuou de 4,6% para 4,4% para este ano, dentro do limite superior da meta, e caiu de 3,6% para 3,5% para 2026. Para o segundo trimestre de 2027, a estimativa se aproximou do centro do alvo, de 3,3% para 3,2%.
 

A meta central é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. No modelo de avaliação contínua, o objetivo é considerado descumprido quando a inflação acumulada permanece por seis meses seguidos fora da margem, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O primeiro estouro do IPCA no novo formato ocorreu em junho.
 

Devido aos efeitos defasados da política de juros sobre a economia, o Copom tem hoje a inflação do segundo trimestre de 2027 na mira. As expectativas para a inflação no médio prazo, entretanto, seguem distantes do centro da meta, o que é motivo de desconforto para os membros do BC. Segundo o último boletim Focus, os analistas projetam que o IPCA termine 2026 em 4,16% e feche 2027 em 3,8%.
 

Ao analisar a conjuntura econômica, o colegiado repetiu que as expectativas de inflação continuam distantes da meta e que as projeções seguem elevadas. Além disso, mostrou preocupação com a força da atividade econômica e com a pressão exercida pelo mercado de trabalho sobre os preços.
 

"Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas [longe do alvo], exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista [capaz de retrair a economia] por período bastante prolongado", disse.
 

No cenário internacional, a nova fase de negociações sobre o tarifaço imposto por Donald Trump diminuiu a tensão entre Brasil e Estados Unidos. No último dia 20, os americanos retiraram a sobretaxa de 40% sobre produtos importantes da pauta exportadora brasileira, como carne e café.
 

Embora o ambiente externo esteja mais favorável, o Copom repetiu que continua atento aos impactos das tarifas comerciais, bem como da política fiscal doméstica, sobre os ativos financeiros, como o dólar. "Reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza", acrescentou. Essa foi a única menção no comunicado à trajetória das contas públicas do país.
 

O comitê não fez alterações no balanço de riscos para inflação. Entre os fatores que puxariam os preços para cima, destacou a chance de a inflação de serviços se mostrar mais perseverante em função de um hiato do produto mais positivo -quando a economia opera acima do seu potencial e sujeita a pressões inflacionárias.
 

Indicou também a possibilidade de as expectativas de inflação seguirem distantes da meta por período mais prolongado e os possíveis impactos provocados por políticas econômicas dentro e fora do Brasil, como um câmbio depreciado de forma persistente.
 

Entre os motivos que afetariam os preços para baixo, repetiu a chance de a atividade econômica doméstica perder força de forma mais acentuada e de a desaceleração global ser mais forte devido a um choque de comércio. Além disso, mencionou a possível queda nos preços das commodities, o que traria alívio para a inflação.
 

O Copom volta a se reunir nos dias 27 e 28 de janeiro de 2026, no primeiro dos oito encontros previstos para o ano que vem.

 

Por Bahia Notícias

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