Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Deputados federais de 12 frentes parlamentares que
representam e defendem o setor produtivo na Câmara divulgaram uma nota pública
conjunta em que pedem a anulação do decreto do governo federal que aumenta as
alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). As frentes pedem a
aprovação de um projeto de decreto legislativo que suste a medida apresentada
na semana passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O governo chegou a recuar de algumas das medidas anunciadas,
mas manteve a subida do IOF para operações de cartão de crédito, débito e
pré-pago no exterior, de 3,38% para 3,50%. Já o IOF para aquisição de moeda em
espécie passou de 1,10% para 3,50%.
No manifesto, as frentes parlamentares afirmam que a
iniciativa do governo Lula é preocupante e representa um aumento de carga
tributária indireta. Eles defendem que sem a aprovação legislativa, a medida
estaria ferindo frontalmente o princípio da legalidade tributária e
previsibilidade para os agentes econômicos.
“O uso constante de decretos para modificar alíquotas ou
condições de incidência do IOF reforça a instabilidade do ambiente de negócios
no Brasil. Alterações frequentes, por meio de norma infralegal, geram
insegurança para investidores, empresas e cidadãos que não conseguem planejar
financeiramente suas operações de médio e longo prazo", disse o texto da
nota.
Assinam a nota as frentes parlamentares do Comércio e
Serviços, pelo Brasil Competitivo, do Biodiesel, do Livre Mercado, pela Mulher
Empreendedora, de Gestão de Resíduos e Economia Circular, em Empreendedorismo,
de Portos e Aeroportos, da Habitação e do Desenvolvimento Urbano Sustentável,
Mista em Defesa do Saneamento Básico, da Agropecuária e Nacional de Logística e
Infraestrutura.
As frentes afirmam também que a medida sobre o IOF foi
implementada sem consulta ampla aos setores impactados, empresas exportadoras e
entidades representativas do setor produtivo. Para defender a derrubada do
decreto federal, as entidades dizem que o aumento do IOF desincentiva a
internacionalização de empresas, promove distorções alocativas e redução de
eficiência econômica, aumento do custo Brasil, além de apresentar “questionável
ilegalidade e possível inconstitucionalidade”.
Cerca de 19 projetos de decreto legislativo já foram
apresentados desde a última sexta (23para sustar o decreto do governo federal
sobre o IOF. Todos os projetos aguardam encaminhamento do presidente da Câmara,
Hugo Motta (Republicanos-PB).
Para o líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias
(RJ), as chances de aprovação de projetos para derrubar o decreto que aumentou
o IOF são muito pequenas.
“Tenho convicção que a chance de um PDL ser pautado, votado e
aprovado é perto de zero”, afirmou Lindbergh.
A opinião do líder do PT, entretanto, parece não ser a mesma
do deputado Hugo Motta. Em publicação nas redes sociais, nesta segunda (26), o
presidente da Câmara afirmou que o Poder Executivo não pode “gastar sem freio e
depois passar o volante para o Congresso segurar”. Motta disse ainda, na sua
conta na rede X, que “o Brasil não precisa de mais imposto”.
Para que o decreto do governo seja derrubado, é preciso que
algum dos 19 projetos apresentados seja aprovado na Câmara e no Senado. Esse
tipo de projeto não segue para sanção presidencial.
Por Bahia Notícias