
Foto: Marcelo Camargo /
Agência Brasil
Às vésperas de o STF (Supremo
Tribunal Federal) decidir se Jair Bolsonaro (PL) vira réu sob acusação de
liderar uma trama golpista de 2022, aliados divergem sobre como ele deve
encarar o julgamento da Primeira Turma do tribunal nesta terça-feira (25).
As divergências vão desde a
estratégia em relação às acusações quanto na estratégia antes do julgamento.
O plano traçado inclui uma
entrevista na noite desta segunda-feira (24), em São Paulo, para um podcast com
o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), seguida de um retorno a
Brasília à noite ou nos primeiros voos da terça.
Na capital federal, Bolsonaro
deve assistir ao julgamento na casa do deputado Luciano Zucco (PL-RS), líder da
oposição no Congresso.
Mas a agenda não é consenso
entre os principais auxiliares do ex-presidente e a equipe que o defenderá no
Supremo, que passou esta manhã em conversas de telefone cogitando alterações de
roteiro.
Parte de sua equipe considera
um erro participar do podcast Inteligência LTDA, que pode durar mais de duas
horas. Avaliam que a agenda beneficia mais Tarcísio do que Bolsonaro, que
deveria focar a preparação de discursos e entrevistas para depois do julgamento,
que pode se estender até quarta (26).
Tarcísio é apontado como
possível candidato à Presidência caso a inelegibilidade de Bolsonaro seja
mantida, embora ambos neguem que isso possa acontecer.
O tempo gasto no podcast seria
mais bem aproveitado, para este grupo, com Bolsonaro se preparando para falar
ao país após ser declarado réu oficialmente.
Entre os aliados que defendem
a agenda conjunta, a ideia é que o ex-presidente demonstraria força política ao
lado do governador paulista, dirigente de oposição do maior estado da
federação.
A defesa do ex-presidente será
feita pelo criminalista Celso Vilardi. Inicialmente, segundo aliados, ele
desaconselhou Bolsonaro a ir ao STF. Mas o advogado tem sido pressionado a
mudar de posição e sinalizou que não se opõe à presença do cliente caso Bolsonaro
decida ir.
Parte da equipe acredita que
uma fala do ex-presidente na porta do tribunal teria mais impacto do que uma
declaração na casa de algum aliado político, enquanto outros auxiliares
defendem que ele faça uma declaração em um ambiente controlado, cercado de aliados.
O entorno de Bolsonaro dá como
certa que a aceitação da denúncia será por unanimidade entre os ministros da
primeira turma. Ela é composta por Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio
Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
Embora sua defesa se concentre
em questionamentos processuais, como a anulação de provas e da delação de Mauro
Cid, seus auxiliares dizem acreditar que Bolsonaro precisará enfatizar a seus
apoiadores que o julgamento é "político" quando for comentar o
resultado.
Essa ênfase teria de ser feita
destacando a série de embates entre Moraes e os bolsonaristas e também a
proximidade dos ministros Zanin e Dino ao governo Lula (PT), conforme a
avaliação de parte dos aliados.
Além disso, esses mesmos
aliados buscam nestas falas evitar a repetição de críticas recentes à corte,
como a possibilidade de prisão por 14 anos da cabeleireira Débora Rodrigues dos
Santos, acusada de tentativa de golpe e responsável pela pichação da estátua
"A Justiça", na sede do Supremo.
Além de Bolsonaro, são
acusados nesta etapa o general Braga Netto, os ex-ministros Anderson Torres
(Justiça), general Heleno (GSI) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), o deputado
federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da Abin, e o ex-comandante da Marinha
Almir Garnier.
O procurador-geral da
República, Paulo Gonet, denunciou 34 pessoas. O STF analisará primeiro o grupo
de Bolsonaro. Nesta fase, os ministros apenas avaliam se a denúncia tem base
jurídica para ser aceita. A análise de mérito ocorrerá em outra etapa.
Por Bahia Notícias