Carlos Vieira Crédito: José Cruz/Agência Brasil

A Caixa Econômica Federal quer se tornar uma das principais protagonistas no novo modelo de crédito consignado para trabalhadores do setor privado, que entra em vigor a partir do dia 21 de março. Atualmente, o banco possui uma base de apenas 100 mil clientes nessa modalidade, em um universo de 3,8 milhões de contratos ativos. Com a ampliação do acesso a 47 milhões de trabalhadores formais por meio da Carteira de Trabalho Digital, o presidente da Caixa, Carlos Vieira, acredita que a base de clientes pode crescer de quatro a cinco vezes em um ano.

A expectativa é que as taxas de juros caiam pela metade, saindo de uma média de 6% a 8% ao mês para patamares entre 2% e 3%. “Já fizemos os cálculos: a taxa que está hoje, em média, entre 6% e 8% ao mês na Caixa deve ficar em torno de 2% a 3% ao mês”, afirmou Vieira, em entrevista a O Globo. Ele destacou que a iniciativa está alinhada com a política pública do governo federal, que busca ampliar o acesso ao crédito com juros mais baixos.

Além do consignado, a Caixa também está fortalecendo outras linhas de crédito, como o microcrédito, que já conta com R$ 2,5 bilhões em fundos públicos e pode beneficiar até 210 mil brasileiros. O crédito médio tem sido de R$ 12 mil, com foco no estímulo ao setor produtivo e à agricultura familiar. “Queremos ajudar a estruturar o arranjo do negócio, para que a distribuição da produção seja feita de forma adequada pelo próprio produtor, evitando o papel do atravessador”, explicou Vieira.

No segmento imobiliário, onde a Caixa detém quase 70% do mercado, o banco projeta um volume de R$ 64 bilhões em financiamentos com recursos da poupança em 2025, abaixo dos R$ 73 bilhões de 2024. Apesar da redução, Vieira garante que não há escassez de recursos. “Não achamos que, no curto prazo, tenhamos um problema de falta de crédito a ser concedido”, afirmou. Ele também adiantou que o banco está modernizando o processo de concessão de crédito imobiliário, que será totalmente digital, incluindo escrituração e registro em cartório.

Outro destaque foi o sucesso do saque-aniversário do FGTS, com R$ 4,5 bilhões liberados em uma semana para 10 milhões de trabalhadores. “Foi um sucesso. Não teve fila, não teve nada”, comemorou Vieira.

A Caixa também avança em outros projetos, como a criação de uma empresa de cartões, a modernização das loterias e o lançamento de uma fundação para atuar no terceiro setor. Sobre sua permanência no cargo, Vieira foi enfático: “A minha nomeação é do presidente da República. A minha ‘desnomeação’ é do presidente da República”. Ele destacou os avanços alcançados durante sua gestão, como a implantação da biometria e o pagamento de uma das melhores PLRs (Participação nos Lucros e Resultados) do mercado.

Por Correio24horas