
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Ficou para a próxima terça-feira (11) a instalação e eleição
dos presidentes e vice-presidentes das 16 comissões permanentes do Senado. O
novo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), havia dito no último
sábado (1º) que iria promover as eleições nas comissões nesta semana, mas
devido à falta de acordo entre os líderes para o comando de algumas delas, o
senador preferiu deixar tudo para a semana que vem.
Um dos colegiados que já tem decisão confirmada entre os
líderes é a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que será presidida pelo
senador baiano Otto Alencar (PSD-BA). O senador há muitos anos era o líder do
PSD, e foi substituído no cargo por Omar Aziz (AM). O baiano Angelo Coronel
passou a ser o vice-líder do PSD no Senado.
Em conversa com jornalistas, o senador Otto Alencar disse que
uma das suas prioridades à frente da CCJ será pautar o debate e a votação do
PLP 112/2021, de autoria da deputada federal Soraya Santos (PL-RJ), que promove
diversas mudanças no Código Eleitoral brasileiro. O projeto, que já foi
aprovado pela Câmara, é relatado pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI), que no
final do ano passado apresentou um novo parecer com diversas mudanças no texto.
Além das mudanças previstas no projeto, o senador Otto
Alencar quer colocar em votação, dentro da discussão sobre mudanças na lei
eleitoral, projetos de emenda constitucional que promovam a coincidência das
eleições, para unificar as votações em todos os cargos em um mesmo ano. A ideia
é a de estabelecer mudanças nos mandatos de prefeitos e vereadores para que, no
ano de 2030 ou mais à frente, haja uma única eleição geral. Nessa eleição
seriam escolhidos o presidente da República, os governadores, os senadores, os
deputados federais e estaduais, os prefeitos e os vereadores, e não haveria
mais no Brasil eleições de dois em dois anos.
O senador Otto Alencar é um entusiasta dessa mudança na lei
eleitoral. O senador baiano disse considerar que um dos efeitos maléficos da
realização de eleições de dois em dois anos é o fato de os governantes terem de
atuar sempre preocupados e em torno do pleito seguinte. Otto também cita como
problema o custo dessas eleições, principalmente por conta do uso do Fundo
Eleitoral, que abastece com dinheiro público as campanhas para os cargos
eletivos.
“Se o Congresso não acabar com a eleição de 2 em 2 anos, a
eleição acaba com o Congresso”, disse Otto Alencar à imprensa.
A dificuldade para a aprovação dessas propostas, segundo
explicou o senador baiano, é obter acordo para promover essa mudança,
principalmente na definição de qual cargo teria o mandato estendido ou
reduzido. Pelas propostas que já foram discutidas e debatidas pelo senador
Marcelo Castro com outros parlamentares, os prefeitos que foram eleitos em 2024
ficariam no mandato por quatro anos, até 2028, e teriam direito a uma
reeleição, já com um mandato de cinco anos.
No caso de governadores e presidente da República, eleitos em
2026, também ficariam no mandato por quatro anos, até 2030, e teriam direito a
disputar uma reeleição, com mandato de cinco anos, com o intervalo entre os
dois pleitos de três anos, em vez de dois, como atualmente.
Desta forma, as eleições no Brasil ficariam assim: em 2030,
eleições gerais para governador, presidente, senador, deputado federal e
estadual; em 2033, eleições municipais, para prefeitos e vereadores; 2035,
eleições gerais.
Há uma outra proposta que foi discutida no ano passado, que
prevê um mandato tampão de dois anos para o cargo de prefeito. A ideia é a de
que os prefeitos eleitos em 2024 exerceriam os quatro anos de mandato e, em
caso de reeleição, um mandato tampão de 2028 a 2030.
No caso dos governadores e presidente da República, como a
eleição está marcada para 2026, o mandato ficaria, como determina a legislação
atual, em quatro anos, ainda com a possibilidade de reeleição, e a disputa para
todos os cargos ocorreria a partir de 2030, já com o mandato de cinco anos.
Assim, já em 2030 haveria a coincidência das eleições no
Brasil. Elas se dariam todas num ano só, e passariam a ocorrer em 2030, em
2035, 2040 e assim em diante.
Uma terceira ideia em discussão é a de manter a coincidência
das eleições, mas descartando o mandato tampão. Nesse caso, a coincidência das
eleições passaria a ocorrer a partir de 2034.
Assim, os governadores e presidente eleitos em 2026 teriam um
mandato de quatro anos, podendo concorrer, em 2030, para uma reeleição pelo
mesmo período. Em relação aos prefeitos, no pleito de 2028 eles seriam eleitos
para um mandato de seis anos.
Com essa regra, a eleição geral ocorreria 2034, depois em
2039, 2044, 2099; todas seguindo o mandato de cinco anos. Em todas as
propostas, os mandatos de vereadores, deputados estaduais e federais seriam de
cinco anos e os senadores teriam mandato de dez anos.
Em conversa com o Bahia Notícias, o senador Marcelo Castro
disse que vai fazer uma última tentativa, neste ano, de tentar aprovar essas
mudanças na legislação eleitoral. Castro disse que tenta há mais de 20 anos
convencer o Congresso a realizar a coincidência de eleições, e que já estaria
cansado de “bater na trave”.
“É agora ou nunca. Se não conseguirmos aprovar agora, não
conseguimos nunca mais”, brincou o senador ao falar com o BN.
Por Bahia Notícias