
Foto: Reprodução / Pedro Ladeira / Folhapress
O líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB), afirmou
neste sábado (1º) que, caso eleito presidente da Casa, vai trabalhar pelo
fortalecimento do Legislativo e defenderá a imunidade parlamentar.
"Juntos vamos fortalecer institucionalmente a câmara,
manter a sua autonomia e independência em relação aos demais Poderes. É salutar
compreendermos que uma gestão de país se faz com respeito e com o pressuposto
da harmonia", disse Hugo.
Considerado provável próximo presidente da Casa, o deputado
discursou no plenário em sessão da eleição da Mesa Diretora. Os outros dois
candidatos, Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Marcel van Hattem (Novo-RS),
discursaram antes de Hugo --a ordem foi definida por sorteio.
O deputado do Republicanos afirmou também que trabalhará por
uma "Câmara forte", com a "garantia das prerrogativas e em
defesa da imunidade parlamentar". Em resposta, ouviu aplausos dos
deputados em plenário.
"A garantia das prerrogativas parlamentares é essencial
para o fortalecimento do povo, pois cada um de nós, deputados e deputadas, está
diretamente relacionado aos anseios daqueles que nos deram o voto", disse.
A fala foi um recado ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Deputados bolsonaristas foram alvos de ações da corte e questionam, por
exemplo, medidas tomadas por causa de discursos e declarações em redes sociais.
O discurso dele mirou os colegas parlamentares, com o
objetivo de mostrar que não mudará ao assumir a presidência. Afirmou que não
receberá um broche diferente dos demais e que se manterá humilde, citando
líderes como Nelson Mandela e Mahatma Gandhi. "Nenhum presidente deixa de
usar esse broche que nos identifica e nos iguala", disse. "Sou mais
um entre vocês, e como presidente isso não vai mudar", afirmou.
Hugo também prometeu garantir a previsibilidade na decisão
das pautas, estabelecer previamente quais sessões serão presenciais e quais
serão virtuais, distribuir de forma mais equânime as relatorias dos projetos
entre os parlamentares e dar transparência e voz aos deputados no colégio de
líderes.
Pontos muito criticados pelo baixo clero na condução do atual
presidente, Arthur Lira (PP-AL), que é aliado do candidato do Republicanos.
Apesar de listar essas divergências, Hugo comparou Lira ao
ex-presidente da Assembleia Constituinte Ulysses Guimarães nas realizações.
"O presidente Arthur Lira deixa para nós o maior legado de aprovações
legislativas e transformações reais, na vida dos brasileira, que esta Casa
pode, com a participação de todos, oferecer ao país desde Ulysses
Guimarães", disse.
Ele também elogiou os deputados Antônio Brito (PSD-BA), Elmar
Nascimento (União-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que se colocaram como
pré-candidatos, mas desistiram de concorrer para apoia-lo. E agradeceu o
presidente do seu partido, o deputado Marcos Pereira (SP), por renunciar à
candidatura para que ele pudesse ser o nome de consenso entre Lira, o governo e
a maioria dos partidos.
Hugo ainda prometeu aos colegas tomar as decisões de forma
colegiada. "Espero errar o menos possível, ouvindo ao máximo",
afirmou. "Serei o que sempre fui --de outra forma, mas o mesmo. Serei um
deputado-presidente, e não um presidente-deputado. Sair daqui [da tribuna] para
ali [a cadeira do presidente] não pode ser a distância entre a humildade e a
arrogância", discursou.
Ele ainda fez uma comparação que será um presidente com
"H" não de Hugo, mas de "humildade".
O regimento prevê que cada candidato tem até dez minutos para
fazer uma fala. Em seguida, Lira discursará.
A votação é secreta, e cada parlamentar vota em 11 cargos:
presidente, dois vices, quatro secretários e quatro suplentes. É eleito quem
tiver a maioria absoluta dos votos (257 das 513 cadeiras).
Escolhido por Lira para ser o seu candidato à sua sucessão,
Hugo entrou na disputa após uma reviravolta com a desistência do presidente de
seu partido, Marcos Pereira (SP), em setembro. O deputado conseguiu apoio
oficial de quase todos os partidos da Câmara, indo do PT de Lula ao PL de Jair
Bolsonaro.
Diante desse grande leque de apoios, ao longo de sua
campanha, Hugo evitou se comprometer em temas espinhosos para evitar ruídos que
pudessem prejudicar sua candidatura. Nesta semana, lançou o slogan "Do
lado do Brasil".
Por Bahia Notícias