
Foto: Ricardo Stuckert / PR
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
minimizou o reajuste feito pela Petrobras no preço do diesel. Para auxiliares
do chefe do Executivo, era incontornável o aumento e a avaliação é de que não
haverá ruídos.
Há monitoramento constante de insatisfação de categorias,
como caminhoneiros, mas não houve qualquer tipo de alerta até o momento,
segundo integrantes do Palácio do Planalto.
A Petrobras elevou em mais de 6% o preço médio do diesel para
distribuidoras neste sábado (1º), para R$ 3,72 por litro, no primeiro ajuste do
valor do combustível em mais de um ano.
Assessores palacianos dizem que o aumento real foi baixo e
minimizam efeitos na sociedade. Até mesmo porque o impacto na inflação não é
imediato, como um aumento no preço da gasolina.
Além disso, esses auxiliares reforçam comparação com o preço
do diesel no final do governo de Jair Bolsonaro (PL), em dezembro de 2022.
Desde então, mesmo com os aumentos, o preço do litro do combustível ficou R$
0,77 mais barato.
Como mostrou a Folha, o governo do presidente Lula apostava
que a possível continuidade da queda do dólar pudesse amenizar o aumento no
preço do diesel pela Petrobras.
Após ultrapassar a barreira dos R$ 6, a cotação da moeda
americana vem registrando sucessivas quedas neste início de ano. Na sexta-feira
(31), ela fechou em R$ 5,835, no que foi a décima sessão consecutiva de perdas
ante o real.
Auxiliares de Lula disseram que o aumento de cerca de R$ 0,22
é considerado baixo e que seus efeitos devem cair ainda mais com a variação
negativa do câmbio que esperam para as próximas semanas.
O próprio presidente indicou o posicionamento do governo em
entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto na última quinta (30), ao dizer
que não cabe a ele autorizar aumento do diesel.
"Desde o meu primeiro mandato que eu aprendi que quem
autoriza aumento do petróleo e derivados é a Petrobras, não o presidente da
República", disse.
"Ela [Magda Chambriard, presidente da Petrobras] não
precisa me avisar. Se ela tiver uma decisão de que para Petrobras é importante
fazer reajuste, ela que faça", completou.
O Planalto interpretou a fala como bem recebida no mercado
financeiro.
Além disso, o presidente também pontuou o preço do
combustível em dezembro de 2022, mesmo sem mencionar o governo Bolsonaro
diretamente. Tratou ainda do aumento do ICMS, imposto estadual. Este, sim, terá
incidência direta na inflação e também abrangerá a gasolina.
Os preços dos combustíveis já devem subir nas bombas com o
aumento do ICMS. O aumento será de R$ 0,06 no litro do diesel e biodiesel, e R$
0,10 por litro de gasolina e etanol.
O repasse do aumento do preço da Petrobras aos consumidores
finais nos postos depende de uma série de fatores, incluindo cobrança de
impostos, mistura de biodiesel e margens de lucro da distribuição e da revenda.
Além disso, o mercado brasileiro também é suprido por algumas
refinarias privadas e por importações.
Nesta quarta (29), a diretoria da Petrobras apresentou ao
conselho de administração da estatal um balanço do cumprimento de sua política
de preços no último trimestre de 2024.
Defendeu que, mesmo com defasagens em relação às cotações
internacionais, a política de preços foi cumprida ao garantir a venda de
combustíveis acima do valor de custo e abaixo dos índices praticados por
concorrentes, banda estabelecida na gestão Jean Paul Prates.
Aos conselheiros, a empresa avaliou que o cenário é de muita
volatilidade no mercado, mas que os preços ainda estão dentro dos parâmetros
estabelecidos pela política.
O aumento do preço do diesel virou munição para a oposição de
Lula. No X (antigo Twitter), o ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro Ciro
Nogueira (PP-PI) questionou se iriam culpar o antecessor, que há dois anos
deixou o cargo.
"Quem o governo vai culpar pelo aumento do diesel em 6%?
O governo que acabou há dois anos, o ex-presidente do BC? Para quem paga mais
caro, culpar os outros resolve alguma coisa? Até quando vai continuar o
'governo de oposição'?", publicou.
Já petistas foram as redes sociais para reforçar que o
aumento nos combustíveis direto na bomba, em especial o da gasolina, será por
causa do ICMS dos estados.
"A culpa pelo aumento no preço dos combustíveis é dos
governadores ao aumentarem o ICMS sobre a gasolina e o óleo diesel. E para
piorar esse aumento ocorre exatamente no momento em que os estados batem
recordes de arrecadação", afirmou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
Por Bahia Notícias