
Foto: Jose Cruz/Agência Brasil
Como já era aguardado por praticamente a unanimidade dos
agentes do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
elevou em um ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira.
Com a decisão tomada nesta quarta-feira (29), a Selic aumentou de 12,25% para
13,25% ao ano.
Esta foi a primeira reunião do Copom neste ano de 2025, e
também a primeira sob o comando do atual presidente, Gabriel Galípolo,
escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir Roberto
Campos Neto, que ficou os últimos quatro anos no cargo. Essa também foi a
primeira reunião com os três novos diretores do BC também indicados por Lula e
aprovados pelo Congresso Nacional no final do ano passado.
A decisão para o aumento em 1% na taxa de juros foi tomada de
forma unânime por todos os nove membros do Copom. Esse foi o quarto aumento
seguido nos juros desde o início do governo Lula.
Quando Lula tomou posse na cadeira presidencial, em 1º de
janeiro de 2023, a Selic estava em 13,75%. Esse patamar foi mantido até agosto
daquele ano, quando o Copom deu início a um período de cortes progressivos na
Selic, diante do momento que o país vivia de inflação controlada e abaixo do
teto da meta. Naquele mês, o Copom cortou os juros em 0,5%, derrubando a taxa
para 13,25%.
Na sequência, o Banco Central promoveu seis cortes seguidos
na taxa básica de juros, chegando a maior do ano passado com uma queda total de
2,75%, de 13,25% para 10,5%. Esse patamar foi mantido em mais duas reuniões, e
a partir do encontro do Copom de setembro do ano passado, os juros iniciaram
uma nova trajetória de alta, diante de dados sobre aumento da inflação e piora
nas contas públicas.
Desde a reunião de setembro, foram necessárias apenas quatro
reuniões do Copom para a taxa Selic subir de 10,5% para os atuais 13,25%, os
mesmos 2,75% que foram cortados durante seis encontros dos diretores do Banco
Central entre 2023 e 2024. E a taxa deve subir novamente mais um ponto
percentual na próxima reunião do colegiado, nos dias 18 e 19 de março, levando
os juros para 14,25%.
O mercado não só já aguardava esse aumento de 1% na Selic
nessa primeira reunião com Gabriel Galípolo na presidência do BC, como já
aposta que a taxa de juros deve chegar a 15% até o meio do ano. A expectativa é
da manutenção de uma postura cautelosa e conservadora dos membros do Copom
diante dos indicadores que mostram uma conjuntura econômica de intensas
pressões inflacionárias.
Na análise de agentes financeiras, o desemprego em patamares
baixos (6,1% até novembro), aumentam tanto a renda média (R$ 3.285) quanto a
massa salarial das famílias, o que favorece um cenário de inflação. Também pesa
nas avaliações o acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) em 12 meses, que foi de 4,83%, segundo dados do IBGE, que ficou acima do
teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5%.
A inflação tende a ser afetada, ainda, pelo câmbio, que
permanece próximo dos R$ 6, mesmo com a queda verificada nos últimos dias. De
acordo com o boletim Focus, a expectativa é de que a inflação chegue a 5,5% ao
final de 2025.
Além da questão da piora nos indicadores e das incertezas no
ambiente externo, há ainda no radar do Copom as dificuldades da equipe
econômica do governo Lula em encontrar soluções para o problema fiscal. O
mercado segue sem confiar que o governo está disposto a promover cortes de
gastos para estabilizar a dívida pública, e enquanto não houver indicação de um
esforço para contornar esse problema que mina a credibilidade do Palácio do
Planalto, o Banco Central seguirá aumentando a taxa de juros reunião após reunião.
Por Bahia Notícias