Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Após a pausa do Natal, o dólar encerrou o pregão desta
quinta-feira (26) com leve baixa de 0,11%, cotado a R$ 6,177, com uma nova
intervenção do BC (Banco Central) no mercado de câmbio.
Às 17h05, a Bolsa tinha variação positiva de 0,35%, aos
121.197 pontos.
A autoridade monetária vendeu ao mercado US$ 3 bilhões em
leilão à vista realizado no começo da sessão. Foram aceitas nove propostas
entre 9h15 e 9h20.
Inicialmente, a ação havia levado o dólar a rondar a
estabilidade, em seguida, apresentou forte queda e terminou o dia estável em
relação a cotação anterior, de R$ 6,184.
Com a nova intervenção, subiu para US$ 30,77 bilhões o total
de leilões realizados desde que a instituição passou a injetar dólares no
mercado de câmbio há duas semanas.
Esta conta inclui tanto as operações à vista quanto os
leilões de linha —venda de dólares com compromisso de recompra.
As operações do BC buscam atender à demanda por dólares por
parte de empresas e fundos, para remessas ao exterior —algo comum nos finais de
ano.
O BC também realizou um novo leilão de 15 mil contratos de
swap cambial tradicional com prazos distintos (88 e 273 dias) para fins de
rolagem do vencimento de 3 de fevereiro de 2025.
A operação visa fornecer proteção cambial e impactar o
mercado de dólar e juros futuros, buscando estabilidade no mercado financeiro.
A diferença nas taxas reflete o prazo e as condições de
mercado esperadas para cada vencimento.
No exterior, os investidores estavam de olho nos rendimentos
dos Treasuries, que avançavam diante dos dados econômicos recentes de que o
ciclo de cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano)
pode ser menor que o anteriormente projetado.
Na semana passada o Fed surpreendeu os mercados ao projetar
um ritmo moderado de cortes na taxa de juros, fazendo com que os rendimentos
dos Treasuries e o dólar subissem.
O dólar, no entanto, tinha sinais mistos: ele sustentava
leves ganhos ante as moedas fortes, mas cedia ante divisas como o peso chileno,
o peso mexicano e o peso colombiano.
As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam a
quinta-feira em alta firme, superior a 0,30 pontos percentuais em vários
vencimentos, na esteira do avanço dos rendimentos dos Treasuries durante boa
parte do dia e em meio à persistente desconfiança do mercado na política fiscal
do governo Lula.
O avanço das taxas ocorreu a despeito de o dólar ceder ante o
real durante a sessão e após o leilão realizado pelo BC.
A taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 15,345%, ante
15,222% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava
15,63%, ante o ajuste de 15,441%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031
estava em 15%, ante 14,64% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de
2033 tinha taxa de 14,76%, ante 14,381%.
Os investidores repercutiram a notícia de que o presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocou para a tarde desta quinta-feira uma
reunião de emergência com líderes da Casa.
Na pauta estaria a decisão do ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Flávio Dino de suspender o pagamento de R$ 4,2 bilhões em
emendas parlamentares. A reunião foi convocada apesar do período de recesso
parlamentar, que se estende até fevereiro.
Ainda no contexto fiscal, durante a tarde o Tesouro informou
que a dívida pública federal subiu 1,85% em novembro ante outubro, para R$
7,204 trilhões.
Neste cenário, a curva de juros brasileira voltou a abrir,
com a ponta curta precificando para janeiro elevação superior a 0,10 pontos
percentuais da Selic —atualmente em 12,25% ao ano.
No fechamento a curva brasileira precificava 36% de
probabilidade de alta de 1,25 pontos percentuais da taxa básica Selic em
janeiro e 64% de chance de elevação de 1,50 pontos percentuais.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, sempre com
margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Após duas sessões consecutivas de queda, o dólar encerrou o
pregão da segunda (23) com disparada de 1,86%, a R$ 6,184. A situação refletiu
a frustração dos agentes financeiros com as contas públicas após a aprovação do
pacote de corte de gastos no Congresso Nacional, segundo analistas.
Esse foi o segundo maior valor nominal já registrado da moeda
norte-americana, ficando atrás apenas do recorde alcançado em 18 de dezembro,
quando fechou o dia a R$ 6,267.
Na segunda, a Bolsa encerrou em queda de 1,09%, aos 120.766
pontos.
Internamente, as preocupações dos investidores seguiram
voltadas para a área fiscal do governo, ainda que na sexta-feira o Senado tenha
concluído a votação do pacote de medidas para segurar os gastos públicos. Com o
Congresso em recesso até fevereiro, Brasília também vai diminuindo o ritmo
neste fim de ano.
No radar dos investidores também esteve o Boletim Focus,
divulgado nesta segunda. Analistas consultados pelo Banco Central elevaram pela
sexta semana seguida a projeção para a taxa básica de juros no final de 2025 e
passaram a ver a Selic a 14,75%.
A projeção do mercado para a alta do IPCA em 2024 passou de
4,89% para 4,91% e em 2025 foi de 4,60% para 4,84% —em ambos os casos bem acima
da meta contínua de inflação perseguida pelo BC, de 3%.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, sempre com
margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O cenário para o câmbio também revela pressão, com projeção
de dólar a R$ 6,00 no fim deste ano e a R$ 5,90 no encerramento do próximo.
Por Bahia Notícias