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Mota / Brasília
A Câmara
dos Deputados concluiu na noite desta quarta-feira (18), em sessão plenária, a
votação do PL 210/2024, o primeiro projeto do pacote de corte de gastos enviado
pelo governo federal ao Congresso. O projeto, de autoria do deputado José
Guimarães (PT-CE), segue agora para o Senado, onde deve ser apreciado já nesta
quinta (19).
O
texto-base do projeto havia sido votado na sessão de terça (17), com 318 votos
a favor e 149 contrários. Ficou faltando apreciar alguns destaques e emendas
apresentadas ao projeto. Em uma delas, foi revogado o recém-criado Spvat
(Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito). Depois
que o governo liberou o voto, a emenda foi aprovada com 444 votos a favor e 16
contrários.
O fim do
seguro havia sido incluído no parecer do relator Átila Lira (PP-PI), mas foi
retirado depois de o governo pedir mais tempo para discussão. O recuo foi alvo
de críticas por parte de deputados da oposição, e o relator concordou, ao
afirmar que "a medida encontrou resistência na sociedade
civil".
O seguro
obrigatório foi extinto durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), mas, após
pedidos da equipe econômica do governo, o Congresso aprovou a volta da
cobrança, que retornaria a partir de janeiro de 2025. Caso a derrubada seja
confirmada pelos Senado e sancionada por Lula, o DPVAT não voltará a
valer.
O texto
aprovado na Câmara autoriza o Executivo a bloquear até 15% do valor total das
emendas parlamentares não impositivas em caso de déficit, mesma proporção
aplicada às demais despesas discricionárias (aquelas que o governo pode decidir
em que gastar).
Em
relação às emendas, o governo fez um acordo que permite o bloqueio das emendas
de congressistas ao Orçamento só no caso de pagamentos não obrigatórios. As
emendas impositivas, sejam individuais ou de bancada estadual, continuarão
podendo ser contingenciadas exclusivamente pelo projeto proposto.
O
principal ponto mantido no projeto de lei complementar foi a criação de
gatilhos que proíbem a criação, ampliação ou prorrogação de incentivos
tributários caso haja déficit primário (resultado negativo das contas do
governo sem os juros da dívida pública) no ano anterior. O projeto também
limita a 0,6% acima da inflação o crescimento anual da despesa de pessoal e
encargos de cada um dos Poderes na mesma situação, déficit primário no ano
anterior.
Além dos
Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), o projeto aprovado pelos
deputados limita a 0,6% acima da inflação o crescimento das despesas de pessoal
do Ministério Público e da Defensoria Pública no caso de resultado negativo das
contas públicas.
As
restrições vigoram até que o governo volte a registrar superávit primário
anual. A partir do projeto da lei orçamentária de 2027, as duas limitações
valerão se os gastos discricionários (não obrigatórios) totais tiverem redução
nominal em relação ao ano anterior.
Por Bahia Notícias