Foto: Marina Ramos / Câmara dos Deputados
Para tentar acelerar uma das principais propostas do governo
Lula para tentar conter os gastos e equilibrar as contas públicas, o presidente
da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cumpriu o que havia prometido e anexou a PEC
45/2024 a uma outra proposta com tramitação já adiantada. A partir de agora, o
texto da PEC 45 será absorvido dentro do escopo da PEC 31/2007, que há mais de
16 anos aguarda ser votada no plenário da Câmara.
A PEC 45, de autoria do Poder Executivo e que foi protocolada
no começo de dezembro, possui diversas medidas que possuem objetivo de
perseguir o ajuste fiscal necessário para equilibrar as contas públicas. Uma
das medidas previstas no texto da proposta é a restrição gradual do acesso ao
abono salarial do Programa PIS/Pasep de um salário mínimo, pago aos
trabalhadores com carteira assinada e servidores públicos.
O presidente da Câmara já havia designado o deputado Moses
Rodrigues (União-CE) para ser o relator da PEC 45/2024, que foi retirada por
Arthur Lira da Comissão de Constituição e Justiça por conta da resistência da
oposição a acelerar a sua tramitação. O relator agora terá que fazer o ajuste
do texto da PEC 45 em meio a uma proposta que trata de outro tema, no caso, a
reforma tributária.
A PEC 31 foi apresentada em 2007 pelo então deputado federal
Virgílio Guimarães (PT-MG) para promover uma reforma tributária no país. O
projeto, que foi relatado pelo então deputado Sandro Mabel (União-GO), hoje
prefeito eleito da cidade de Goiânia, unia diversas outras propostas para
buscar a unificação de 27 leis estaduais do ICMS e a criação do Imposto sobre
Valor Adicionado Federal (IVA-F) – a partir da fusão do PIS/Pasep, da Cofins e
da contribuição do salário-educação.
Essa proposta foi aprovada em 2007 na Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara, e em 2008, também foi aprovada em uma
comissão especial criada para sua análise. O projeto depois acabou parando em
plenário, assim como diversas outras propostas que tratavam de implementar uma
reforma tributária no país.
O relator da PEC do corte de gastos deve fazer um novo texto
para a proposta, retirando toda a parte relativa à reforma tributária (que
acabou sendo aprovada em outra proposição no ano passado) para acrescentar os
artigos da proposta de corte de gastos enviada pelo governo. Entre as propostas
inseridas na PEC 45, que passará a tramitar dentro da PEC 31/2007, estão as
seguintes prospotas:
- Incentivos
fiscais – Lei complementar vai dispor sobre as condições e limites para
concessão, ampliação e prorrogação de incentivos fiscais.
- Benefício
de Prestação Continuada (BPC) – Ficam vedadas deduções não previstas em
lei para fins de comprovação de renda para acesso ao benefício.
- Fundeb
– Até 20% da complementação da União para o Fundo de Manutenção da
Educação Básica (Fundeb) poderá ser direcionado para o fomento à
manutenção de matrículas em tempo integral.
- DRU
– A Desvinculação das Receitas da União (DRU), mecanismo que flexibiliza a
execução orçamentária, desvinculando 30% da arrecadação, será prorrogada
até 2032.
- Orçamento
– Revoga dispositivo que determina que a administração tem o dever de
executar as programações orçamentárias, adotando os meios e as medidas
necessárias, com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e
serviços à sociedade.
- Vinculação
de receitas – Até 2032, a vinculação de receitas a despesas não poderá
resultar em um crescimento superior ao do total das despesas primárias.
- Subsídios
– O Executivo poderá limitar subsídios e benefícios financeiros durante a
execução orçamentária.
Para valer já para o ano de 2025, a proposta de emenda
constitucional teria que ser votada ainda nesta semana na Câmara e no Senado, e
depois promulgada em sessão conjunta do Congresso Nacional. O texto da proposta
também não pode sofrer alterações entre as duas casas para poder avançar mais
rapidamente.
Por Bahia Notícias