Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) apresentou
nesta segunda-feira (16) os resultados preliminares dos estudos para reformular
as regras de reajuste e cobranças nos planos de saúde. A proposta inclui
mudanças na definição de reajustes de planos coletivos, limites para
coparticipação, regras de rescisão de contratos e a revisão técnica para planos
individuais. Veja as principais mudanças em discussão. Segundo a agência, a
proposta detalhada será apresentada em audiência pública em janeiro de 2025 e,
caso aprovada, entrará em vigor em janeiro de 2026.
REAJUSTE E CANCELAMENTO
A ANS sugeriu novas regras para o reajuste dos planos
coletivos, que atualmente não têm um teto definido (apenas convênios familiares
e individuais têm um índice máximo permitido todos os anos).
Uma proposta é mudar a metodologia de cálculo do reajuste de
planos com poucas pessoas para agrupar mais beneficiários, com o objetivo de
diluir riscos e evitar aumentos desproporcionais. O reajuste para contratos com
até 29 vidas passará a considerar até mil beneficiários da mesma operadora, se
for um plano empresarial, e todos os beneficiários que fizerem parte dos planos
coletivos por adesão da empresa.
Além disso, a agência proibirá a acumulação de índices
financeiros e de sinistralidade no cálculo do reajuste: as operadoras terão de
escolher um ou outro. De acordo com a ANS, o objetivo é dar ao consumidor mais
transparência sobre o cálculo realizado para a definição do percentual.
No caso dos planos individuais e familiares, a ANS está em
fase de estudo para a revisão técnica dos reajustes, permitindo aumentos
"excepcionais" para operadoras que comprovem desequilíbrio
econômico-financeiro.
A revisão também prevê mudar as regras de rescisão dos
contratos. Assim como nos planos coletivos para MEIs (microempreendedores
individuais), os contratos só poderão ser cancelados no aniversário do plano,
mediante aviso prévio de 60 dias. A medida busca evitar surpresas para os
beneficiários, permitindo que possam buscar alternativas no mercado com
antecedência.
COPARTICIPAÇÃO E VENDA PELA INTERNET
Outra frente importante é o estabelecimento de limites para
coparticipação e franquia, em que o consumidor paga um valor conforme o uso. A
ANS propõe que o valor máximo da coparticipação por procedimento seja de 30% e
que esse limite também seja aplicado ao valor mensal da mensalidade. Além
disso, anualmente, os custos com coparticipação não poderão ultrapassar o
equivalente a 3,6 mensalidades. A proposta ainda exclui alguns procedimentos da
cobrança, como terapias crônicas, tratamento oncológico, hemodiálise e exames
preventivos.
A venda de planos de saúde pela internet também foi abordada
na proposta, com a obrigatoriedade de que operadoras ofereçam a opção de
contratação on-line para planos individuais, coletivos por adesão e
empresariais para MEIs.
O QUE DIZEM OS PLANOS
A Fenasaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) diz que
vai analisar com a devida cautela as mudanças regulatórias propostas pela ANS,
mas já adiantou preocupação com a reformulação. "As medidas apresentadas
têm o potencial de alterar profundamente as regras de funcionamento do setor,
provocando, em alguns casos, ainda mais dificuldades para sua sustentabilidade
e ampliando os entraves para empresas que buscam garantir o acesso de milhões
de brasileiros à medicina privada, o que ajuda a desafogar o SUS", disse
em nota.
Nesta terça-feira (17), após o anuncio da proposta da ANS, a
Hapvida, operadora de saúde, desabou mais de 13% na Bolsa. A Fenasáude diz que
pretende apresentar as devidas ponderações às autoridades regulatórias nas
audiências púbicas previstas para janeiro.
O QUE DIZ A AGÊNCIA
Segundo a agência, as medidas fazem parte de sua Agenda
Regulatória 2023-2025 e buscam equilibrar o mercado de saúde suplementar,
garantindo mais previsibilidade nos reajustes e ampliando a proteção ao
consumidor. O processo regulatório, que envolveu consultas públicas e a
participação de diferentes setores, ainda será debatido em audiências públicas
em janeiro de 2025.
Para o diretor de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS,
Alexandre Fioranelli, os temas em debate refletem as preocupações de todos os
atores do setor. "Estamos oferecendo uma ampla oportunidade para que todo
o setor participe e contribua com dados e propostas. Nosso objetivo é construir
normas transparentes e equilibradas para todos os envolvidos", afirma.
PRÓXIMOS PASSOS DA PROPOSTA
Os próximos passos incluem uma consulta pública entre 19 de
dezembro e 3 de fevereiro e audiências públicas programadas para os dias 28 e
29 de janeiro.
Ao final das audiências públicas, as propostas passarão por
ajustes antes de serem submetidas à aprovação da diretoria colegiada da ANS. A
previsão é que as novas regras comecem a valer em etapas, com a primeira fase
sendo implementada já em 2025.
A reunião da diretoria colegiada marcou a despedida do
diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello, que encerrará o mandato na próxima
sexta-feira. O presidente Lula (PT) já indicou Wadih Damous para novo diretor
da agência.
Por Bahia Notícias