Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Após uma série de casos recentes de violência policial, o
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta
quinta-feira (5) que tinha uma "visão equivocada" sobre o uso de
câmeras corporais nos uniformes dos policiais militares. Ele declarou estar
"completamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade
e do policial" e anunciou que não apenas manterá o programa como também o
ampliará.
Atualmente, os policiais militares de São Paulo utilizam
câmeras que gravam automaticamente. Entretanto, a Polícia Militar planeja
adotar um novo modelo de câmera, com acionamento manual ou remoto, a partir de
17 de dezembro.
Durante a campanha eleitoral de 2022, Tarcísio criticou
reiteradamente o uso das câmeras e defendeu sua reavaliação, chegando a
declarar que não se preocupava com mortes causadas por policiais, mas com a
"letalidade dos bandidos". Em janeiro deste ano, o governador também
questionou a eficácia das câmeras na segurança do cidadão e afirmou que sua
gestão não investiria em novos equipamentos, apesar de manter contratos
existentes.
Agora, pressionado pela crise na segurança pública, Tarcísio
reconheceu a importância do equipamento e garantiu que o novo modelo será
implementado somente após a realização de testes. "Se ele [o policial]
esquecer de acionar [a gravação], tem o acionamento remoto. Vamos testar todas
as funcionalidades antes de entrar em operação", afirmou. Enquanto isso, o
uso dos equipamentos atuais será prorrogado.
O governador descartou mudanças na Secretaria da Segurança
Pública (SSP) ou no comando da Polícia Militar, reforçando sua confiança em
Guilherme Derrite, atual secretário. "Vou confiar no meu time", disse
Tarcísio.
Ele destacou que a postura de combate firme ao crime
"não pode ser confundida com salvo-conduto para descumprir regras".
Segundo o governador, o descumprimento reiterado de procedimentos aponta para
problemas como transgressão disciplinar e falta de treinamento. "São
coisas que chocam todo mundo, inclusive a gente. Fico extremamente chateado,
triste", afirmou.
A declaração ocorre um dia após Tarcísio defender a atuação
de sua gestão na área de segurança. Na terça-feira (4), ele citou números para
afirmar que o desempenho de Derrite à frente da SSP é positivo.
Em março, durante a Operação Verão na Baixada Santista, que
resultou em 56 mortes, o governador minimizou denúncias de que corpos estariam
sendo levados como vivos para hospitais, evitando perícias. Na ocasião, disse:
"Nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal
pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem
aí".
Por Bahia Notícias