Foto: MPRS
O
desmatamento na Mata Atlântica sofreu uma redução de 55% no primeiro semestre
de 2024, segundo dados do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD), divulgados
pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o MapBiomas. Entre janeiro e
junho de 2024, foram desmatados 21.401 hectares, contra 47.896 registrados no
mesmo período do ano passado.
Apesar da
queda, a SOS Mata Atlântica alerta que o impacto do desmatamento ainda é
alarmante e inaceitável, especialmente em um bioma tão ameaçado. A área
desmatada nos primeiros seis meses do ano equivale a aproximadamente 20 mil
campos de futebol. A fundação enfatiza que, embora a meta de zerar o
desmatamento no bioma seja viável, ainda representa um grande desafio.
A redução no
desmatamento é atribuída, em grande parte, ao fortalecimento da fiscalização, à
restrição de crédito para desmatadores ilegais e à implementação de embargos
remotos, que são restrições aplicadas a áreas desmatadas detectadas por
monitoramento a distância, impedindo seu uso comercial. Luís Fernando Guedes
Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica, destaca que os dados atuais
representam um alívio temporário, mas ressalta a necessidade de vigilância
contínua e ação efetiva.
Nas áreas de
encraves — fragmentos de vegetação nativa da Mata Atlântica situados em limites
com outros biomas, como Cerrado, Caatinga e Pantanal — a redução do
desmatamento alcançou 58%. Guedes Pinto considera essa uma ótima notícia, uma
vez que no ano anterior houve um aumento nos encraves, enquanto agora se
observa uma diminuição em ambas as regiões.
De acordo
com o MapBiomas, restam apenas 24% da cobertura florestal original da Mata
Atlântica, abaixo do limite mínimo aceitável para conservação, que é de 30%,
segundo um estudo publicado na revista Science. As florestas naturais estão
cada vez mais fragmentadas, com a maioria das áreas não ultrapassando 50
hectares, e 80% delas localizadas em propriedades privadas.
Para que o
Brasil cumpra os compromissos do Acordo de Paris, é necessário alcançar o
desmatamento zero em todos os biomas até 2030. Guedes Pinto acredita que a Mata
Atlântica pode ser o primeiro bioma brasileiro a atingir essa meta, devido à
sua governança relativamente forte e ao menor índice de desmatamento. No
entanto, ele alerta que a impunidade em relação aos crimes ambientais ainda
representa um obstáculo significativo.
“É essencial
continuar a fiscalização e aplicar punições para a ilegalidade”, afirma Guedes
Pinto, ressaltando a importância de reforçar a legislação da Mata Atlântica em
todos os níveis de governo. Ele também menciona a necessidade de incentivos
econômicos para a conservação e restauração das florestas, como o pagamento por
serviços ambientais e o mercado de carbono.
Por Bahia
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