São 29.611 médicos na Bahia, segundo Censo da Demografia
Médica Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil
Com 29.611
profissionais registrados, a Bahia tem, atualmente, a maior quantidade
histórica de médicos do estado. O número, inclusive, representa um salto de 21%
em relação ao ano de 2020, quando só havia 24.413 inscrições ativas no Conselho
Federal de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb). Os dados são da Demografia
Médica 2024, estudo feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Entre as
principais razões para o crescimento de profissionais da área médica, estão o
aumento da demanda por parte dos estudantes, bem como a ampliação de faculdades
privadas no território baiano.
O
levantamento do CFM também apontou que, em 2010, a Bahia tinha 16.651 médicos
e, ao longo de 14 anos, aumentou a população da categoria em 78%. Com isso, a
densidade por mil habitantes também deu um salto: passou de 1,18 para 2,09
médicos por cada grupo de mil pessoas. Esse crescimento, no entanto, não é
visto com bons olhos por Otávio Marambaia, diretor do Cremeb, que acredita que
esse aumento só foi possível pela ampliação de faculdades particulares.
“É muito
ruim. Primeiro, porque a quantidade de faculdades privadas é muito maior do que
a quantidade de faculdades públicas. Há uma enorme quantidade de faculdades
particulares, cobrando preços exorbitantes sem oferecer ensino de qualidade.
São faculdades que não têm campos de estágio, com um corpo docente insuficiente
e com pouca qualificação”, critica.
Na Bahia, 18
instituições privadas e 11 universidades públicas ofertam o curso de Medicina,
totalizando 29 escolas médicas. Para Yasmin Hanny Oliveira, 29 anos, que
abdicou do curso de Engenharia Química nos últimos semestres somente para
estudar Medicina, a ampliação do número de faculdades foi benéfica, já que a
Unidompedro – faculdade onde estuda – só recebeu autorização para ofertar o
curso em 2020.
Yasmin
destaca que os únicos pontos negativos da faculdade são as cargas horárias
exaustivas e os valores exorbitantes que são cobrados. Mesmo sendo contemplada
pelo Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), a
mensalidade no valor de R$ 10.400,00 faz com que ela desembolse, mensalmente,
R$ 1.215,22. Para isso, ela trabalha como autônoma, dá aula particular e tem
uma microempresa virtual de design gráfico. Todos os contras, segundo ela,
encontram equilíbrio na realização do sonho.
“Dentre os
prós em ser estudante de Medicina, com certeza estão o imenso conhecimento
adquirido acerca do funcionamento do corpo humano e a possibilidade de utilizar
das habilidades aprendidas para ajudar pessoas, podendo levar um pouco de
esperança e cura sempre que possível”, enfatiza.
O médico
Hélio Braga, diretor da Associação Bahiana de Medicina (ABM), vai de encontro à
formação acelerada de médicos por instituições que, conforme afirma, não atende
aos padrões de qualificação. “Muitas delas têm formado pessoas com a
qualificação inadequada pela falta de campo de prática, pela falta de
professores com formação adequada, já que muitos, inclusive, não são médicos, e
isso coloca toda a população em risco. Esses profissionais,muitas vezes, terão
a formação insuficiente e não conseguirão prestar um diagnóstico ou um
tratamento da forma mais adequada para os seus pacientes”, queixa-se.
Carlos Joel
Pereira, que é presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras dos
Estabelecimentos do Ensino Superior do Estado da Bahia (Semesb), rejeita o
argumento de que não há qualificação nos cursos de Medicina ofertado por
instituições privadas e defende que o crescimento de médicos atende a demanda
de estudantes por acesso.
“Nós estamos
habituados a ter carência de tudo e, quando vemos as coisas se normalizando,
nos assustamos. Ainda estamos longe de atingir a expectativa de número de
médicos que o país precisa. Então, avalio positivamente o crescimento de
faculdades ofertando Medicina. As pessoas falam que não têm qualidade, mas essa
lógica não é possível, porque todo curso precisa ser aprovado pelo Ministério
da Saúde e pelo Conselho Nacional de Saúde. Somos rigorosos com esses
requisitos”, frisa.
Na Bahia, as
médicas são maioria: 15.150 contra 14.461 médicos. A média de idade desses
profissionais é de 45,47 anos, enquanto a média do tempo de formado chega a
18,81 anos. Na distribuição pelo território, verifica-se 16.309 médicos atuando
na capital, Salvador, ou seja, 55% do total, e 13.302 no interior. A maioria
dos médicos não tem Registro de Qualificação de Especialidade Médica: 14.916.
Outros 14.695 são especialistas.
Por Correio24horas