Fachada do
palácio do Supremo Tribunal Federal (STF) Crédito: Fabio
Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil/Arquivo
A Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou nesta
quarta-feira, 9, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita decisões
monocráticas por parte de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Agora
cabe ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), designar a formação de uma
comissão especial para discutir o texto.
A
proposição, de autoria do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), veda
decisões de apenas um só magistrado que suspendam a eficácia de uma lei ou de
um ato dos presidentes da República, do Senado, da Câmara ou do Congresso
Nacional.
Há uma
exceção permitida no texto: quando a Corte estiver em recesso, é permitida a
decisão monocrática ao presidente do Tribunal, em caso de "grave
urgência" ou "perigo de dano irreparável" - ainda que o texto
não defina como essas situações se darão. Os demais ministros têm 30 dias após
a retomada dos trabalhos para julgar essa decisão.
O texto é
criticado pelos governistas, por ser interpretado como "retaliação"
ao Supremo. "Esse projeto tem como objetivo uma retaliação institucional
ao STF. A Constituição exige entre os Poderes independência e harmonia. Mas
retaliação institucional não tem na Constituição", disse o deputado Rubens
Pereira Júnior (PT-MA).
Deputados do
Centrão e da oposição, por sua vez, ironizaram a posição governista. Arthur
Maia (União-BA) e Marcel van Hattem (Novo-RS) lembraram que, no Senado, o líder
do governo na Casa, senador Jaques Wagner (PT-BA), votou a favor da proposta. O
líder do PT na Casa, senador Fabiano Contarato (PT-ES), por outro lado,
orientou voto contrário.
A.
A proposta
tem forte adesão entre a oposição, que promove sucessivas investidas contra o
STF ao longo do ano. A principal delas é o pedido de impeachment do ministro
Alexandre de Moraes, entregue no Senado em setembro.
Na Câmara,
essa PEC ganhou força após retaliação de Lira. Foi ele quem desengavetou duas
propostas contra o Supremo após a Corte validar decisão do ministro Flávio Dino
de suspender as emendas parlamentares ao Orçamento.
A outra PEC
desengavetada por Lira, de autoria do deputado Reinhold Stephanes (PSD-PR), dá
o poder ao Congresso de sustar decisões da Corte caso tenha votos de dois
terços dos deputados e senadores.
Aproveitando
o cenário favorável, a presidente da CCJ, a bolsonarista Caroline de Toni
(PL-SC), aproveitou para colocar em pauta mais duas propostas contra a Corte.
Ambas aumentam o rol de possibilidades para se admitir o impeachment de um
ministro do Supremo.
Por
Correio24horas