
Alagamento em Canoas, no Rio Grande do Sul Crédito:
Ricardo Stuckert / PR
Os outros dois óbitos registrados anteriormente e
relacionados ao período de enchentes aconteceram nos municípios gaúchos de
Venâncio Aires e Travesseiro. Há ainda quatro mortes em investigação para a
doença nas cidades de Encantado, Sapucaia, Viamão e Tramandaí.
Apenas em maio, o estado já confirmou 54 casos da
doença. Outros casos e óbitos já haviam sido registrados antes do período de
calamidade pública enfrentado pelo Rio Grande do Sul. Dados do Ministério da
Saúde mostram que, em 2024, até 19 de abril, foram contabilizados 129 casos e
seis óbitos. Já em 2023, foram 477 casos e 25 óbitos.
“Mesmo que a leptospirose seja uma doença endêmica,
com circulação sistemática, episódios como alagamentos aumentam a chance de
infecção. Por isso, é importante que a população procure um serviço de saúde
logo nos primeiros sintomas: febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (em
especial, na panturrilha) e calafrios”, destacou a secretaria.
Entenda
A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda
e transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais
(principalmente ratos) infectados, que pode estar presente na água ou lama de
locais com enchente.
O contágio pode ocorrer a partir do contato da pele
com água contaminada, além de mucosas. Os sintomas surgem normalmente de cinco
a 14 dias após a contaminação, podendo chegar a 30 dias.
“Considerando o atual cenário de chuvas e cheias em
várias regiões do estado, casos suspeitos oriundos de área de alagamento e com
sintomas compatíveis com leptospirose devem iniciar tratamento medicamentoso
imediato. Quando possível, deve ser coletada amostra a partir do sétimo dia do
início dos sintomas para envio ao Lacen”, destacou a secretaria.
O tratamento com o uso de antibióticos deve ser
iniciado no momento da suspeita por parte de um profissional de saúde. Para
casos leves, o atendimento é ambulatorial. Em casos graves, a hospitalização
deve ser imediata, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. A
automedicação não é indicada.
“Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar
um serviço de saúde e relatar o contato com exposição de risco. O uso do
antibiótico, conforme orientação médica, está indicado em qualquer período da
doença, mas sua eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos
sintomas.”
Limpeza
Em locais invadidos por água de chuva, a
recomendação da secretaria é fazer a desinfecção do ambiente com água sanitária
(hipoclorito de sódio a 2,5%), na proporção de um copo de água sanitária para
um balde de 20 litros de água.
Outras medidas de prevenção são: manter os
alimentos guardados em recipientes bem fechados, manter a cozinha limpa sem
restos de alimentos e retirar as sobras de alimentos ou ração de animais
domésticos antes do anoitecer.
Além disso, manter o terreno limpo e evitar
entulhos e acúmulo de objetos nos quintais são medidas que ajudam a evitar a
presença de roedores. A luz solar também ajuda a matar a bactéria.
Vigilância
Desde o início das enchentes, o Centro Estadual de
Vigilância em Saúde monitora doenças e agravos relacionados a esse tipo de
calamidade.
Até esta quinta-feira (23), foram notificados 1.140
casos de leptospirose, dos quais 54 foram já foram confirmados; um caso de
tétano acidental; 83 casos em que foi preciso administrar o esquema
antirrábico; e 27 acidentes com animais peçonhentos.
Por Correio24horas