
STF Crédito: Antônio Cruz/Agência Brasil/Arquivo
Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal
(STF) decidiu nesta segunda-feira (25) manter a prisão dos três suspeitos de
planejarem o crime e mandarem matar a vereadora Marielle Franco e o motorista
Anderson Gomes. Os assassinatos ocorreram em 2018.
Os ministros Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e
Luiz Fux seguiram o voto do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no
Supremo e que determinou a prisão preventiva dos três no domingo (24).
A ordem de prisão foi analisada de modo virtual, em sessão de
julgamentos de 24h que começou nos primeiros momentos desta segunda-feira (25).
Na decisão, Moraes escreveu haver “fortes indícios de
materialidade e autoria” do planejamento do assassinato pelos três presos, além
de manobras para encobrir a autoria do crime e atrapalhar as investigações.
Além do relator, o único a apresentar um voto por escrito foi
Dino. Ele escreveu que as prisões preventivas se justificam diante de um
“ecossistema criminoso” que teria sido montado dentro do Poder Público para
encobrir a autoria do crime.
Os ministros seguiram parecer da Procuradoria-Geral da
República (PGR), segundo o qual se os três “permaneçam em liberdade,
continuarão a obstruir os trabalhos de Polícia Judiciária, valendo-se do
poderio econômico de que dispõem e dos contatos com as redes ilícitas
existentes no Município do Rio de Janeiro”.
Entenda
Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, e o delegado da
Polícia Civil Rivaldo Barboda, foram detidos na manhã de domingo (24) durante a
Operação Murder Inc e foram levados pela Polícia Federal para Brasília, onde
chegaram por volta das 16h.
No caso de Chiquinho Brazão, que é deputado federal, a
Constituição Federal prevê que sua prisão deve ser apreciada pelo plenário da
Câmara dos Deputados, que poderá mantê-lo preso ou soltá-lo. A data da sessão
ainda não foi anunciada, mas deverá ocorrer nos próximos dias.
A principal motivação do assassinato de Marielle e Anderson,
revelada no relatório de investigação da PF, envolve a disputa em torno da
regularização de territórios no Rio de Janeiro. Em coletiva de imprensa, o
ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que as
investigações policiais levaram ao esclarecimento completo sobre quem são os
mandantes dos crimes, além dos os executores e os intermediários.
Marielle e Anderson foram assassinados a tiros, em um
cruzamento na região central do Rio de Janeiro, em março de 2018, enquanto se
deslocavam de carro após uma agenda de trabalho.
Defesa
Em entrevista ao sair da Superintendência da PF no Rio de
Janeiro, o advogado de Domingos Brazão negou que ele tivesse qualquer relação
com Marielle ou participação no assassinato da vereadora. “Ele é inocente e não
tem nada a ver com isso”, afirmou o advogado Ubiratan Guedes.
A Agência Brasil entrou em contato com a defesa de Rivaldo
Barbosa e aguarda retorno. A defesa de Chiquinho Brazão ainda não respondeu aos
pedidos de comentário.
Em 20 de março, depois que a acusação de ser o mandante vazou
na imprensa, o deputado Chiquinho Brazão divulgou uma nota em que disse estar
“surpreendido pelas especulações” e afirmou que o convívio com Marielle sempre
foi “amistoso e cordial”.
Por Correio24horas