
Esq. Chiquinho Brazão; Dir. Domingos Brazão / Crédito: Agência Câmara e TCE
A Polícia Federal prendeu neste
domingo (24) três suspeitos de mandar assassinar a vereadora
Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes, além
da tentativa de matar a assessora Fernanda Chaves, em março de 2018.
Os três presos são o deputado
federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) e seu irmão, o conselheiro do TCE
(Tribunal de Contas do Estado) do Rio Domingos Brazão, e o delegado Rivaldo
Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil no Rio.
Os nomes envolvidos são
suspeitos de serem os autores intelectuais dos crimes de homicídio, de acordo
com a investigação. Também são apurados os crimes de organização criminosa e
obstrução de justiça.
A operação é realizada no
domingo para surpreender os suspeitos, de acordo com as primeiras informações.
Há a suspeita de que eles tentariam fugir.
Domingos Inácio Brazão
O conselheiro TCE-RJ (Tribunal
de Contas do Rio de Janeiro) foi citado no processo desde o primeiro ano das
investigações, em 2018. Ele passou a ser alvo após o acordo de colaboração de
Élcio de Queiroz, acusado ao lado do ex-policial militar Ronnie Lessa,
respectivamente, por ter dirigido o carro na noite do crime e por ter atirado
na vereadora e no motorista.
Beazão se elegeu a um cargo
público pela primeira vez em 1996, como vereador do Rio. Dois anos depois, foi
eleito à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), onde atuou por cinco mandatos
como deputado estadual.
Em 2015, foi eleito com apoio de
ampla maioria da Casa legislativa para se tornar conselheiro do Tribunal de
Contas.
Na época, era réu em um processo
sob suspeita de abuso de poder econômico, compra de votos através de centros
sociais na zona oeste e conduta vedada a agente público. Ele já havia sido
afastado de seu mandato, anos antes, por causa dessas denúncias, mas foi
reconduzido ao cargo após uma liminar favorável de Ricardo Lewandowski, então
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).
Entre os principais redutos
eleitorais de Brazão está Rio das Pedras, o berço da milícia carioca. A sua
influência na região fez com que ele fosse citado no relatório final da CPI das
Milícias, em 2008. O ex-deputado nega ter envolvimento com as facções e os
crimes investigados.
Brazão também já tinha sido
acusado e depois absolvido de um homicídio, que ele mesmo já admitiu ter
cometido. Ele falou sobre isso em plenário da Alerj, em meio a uma discussão
com outra parlamentar que o acusava de ter feito ameaças.
"Matei, sim, uma pessoa.
Mas isso tem mais de 30 anos, quando eu tinha 22 anos", disse na ocasião.
"Foi um marginal que tinha ido à minha casa, no dia do meu aniversário. A
Justiça me deu razão."
Em 2017, Brazão voltou a estar
na mira da Justiça. Ele foi preso temporariamente com outros quatro
conselheiros do TCE na operação Quinto do Ouro, um desdobramento da Lava Jato
no Rio. Ele até hoje responde pela suspeita de integrar um suposto esquema criminoso
composto por membros do Tribunal de Contas para receber propina em cima dos
contratos do estado.
Sua prisão o levou ao
afastamento do cargo. Ele só voltou a ser conselheiro em maio do ano passado,
após uma decisão favorável da Justiça do Rio.
Chiquinho Brazão
O deputado federal de 62 anos
faz parte da mesma família de Domingos Inácio Brazão, que mantém influência no
estado do Rio de Janeiro, e tem indicados na Prefeitura do Rio de Janeiro e no
governo estadual. Tem também representantes na Câmara dos Deputados, Assembleia
Legislativa fluminense, Câmara Municipal da capital e de São João de Meriti.
Ele foi eleito pela primeira vez
como vereador do Rio de Janeiro em 2004, e reeleito nas eleições seguintes de
2008, 2012 e 2016. Ele ficou um total de 14 anos à frente do legislativo
municipal fluminense.
Como deputado federal está no
segundo mandato. Foi eleito pela primeira vez em 2018 e reeleito nas eleições
de 2022.
Ele chegou a assumir a
Secretaria Municipal de Ação Comunitária da gestão Eduardo Paes (PSD) em
outubro passado.
Foi exonerado, porém, em
fevereiro, uma semana após a divulgação de que o líder do grupo havia sido
citado nas negociações para delação premiada do ex-PM Ronnie Lessa, acusado de
ser o executor do crime contra a vereadora e o motorista.
Por Bahia Notícia