
Foto: Arquivo / Agência Brasil
Com despedida marcada para esta
quarta-feira (20), o verão dá lugar ao outono com previsões de temperatura
acima da média em grande parte do Brasil, segundo o Inmet (Instituto Nacional
de Meteorologia).
A estimativa de abril a junho,
produzida junto com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), indica
que as anomalias de temperatura podem ficar 1°C acima da média em parte do
Sudeste, em praticamente todo o Norte (que pode chegar a 2°C) e Centro-Oeste e
em grande parte do Nordeste.
Ainda segundo o Inmet, este
verão foi mais quente ao menos do que os três últimos, iniciados em 2022, 2021
e 2020. O balanço disponibilizado pelo órgão nesta terça (19) não tem os dados
dos anos anteriores.
No curto prazo, no fim desta
semana, segundo o coordenador substituto de operações e modelagem do Cemaden
(Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), Giovanni
Dolif.
Isso porque já nos primeiros
dias do outono, que começa à 0h06 desta quarta-feira (20), a frente fria
inaugural da estação chega ao Sul e se aproxima do Sudeste. É nessas regiões
que a redução de temperatura durante a estação pode ser mais acentuada.
Outro efeito comum no começo do
outono são as pancadas fortes de chuva, como as previstas para esta semana.
"A força dessa frente, com ar mais frio e velocidade, causa um contraste
com as massas de ar quente, gerando ventos fortes e tempestades mais
violentas", afirma Dolif.
É possível, ainda, que águas
ainda aquecidas ajudem a manter o tempo mais quente e as chuvas volumosas do
fim de março para depois do começo de abril, mantendo as chances de tempestades
ao longo do começo do outono. Ao manter o calor nas regiões costeiras, as águas
contribuem para o contraste com as frentes frias.
Dolif lembra que alguns dos
desastres decorrentes por grandes volumes de chuva aconteceram nesta época.
"Tivemos o morro do Bumba, em Niterói [RJ], em 2010, chuva extrema em Ilha
Grande [RJ] há cerca de três anos, com 900 milímetros."
Já o calor pode diminuir, mas
deve ficar acima da média histórica em grande parte do país, segundo o boletim
de outono publicado por Inmet e Inpe.
Até junho, há uma possibilidade
alta (83%) de que o El Niño --caracterizado por um aquecimento acima da média
das águas do Oceano Pacífico equatorial-- perca força, segundo a Noaa (agência
atmosférica e oceânica americana).
Um dos efeitos do El Niño
previstos até junho por Inmet e Inpe para a região Norte é a chuva abaixo da
média, com exceção do norte de Roraima, do noroeste e do sudeste do Amazonas e
do oeste do Acre. Já o Nordeste deve ter chuvas abaixo da média.
A chance de desenvolvimento do
efeito contrário, o La Niña (resfriamento das águas do Pacífico equatorial),
entre junho e agosto, é de 63%, segundo a Noaa. Mas segundo Dolif, não
significa automaticamente que haverá uma diminuição das temperaturas em partes
do Brasil, e os sinais desses efeitos pesquisados em outros anos não foram tão
marcados.
"O que fizemos no Cemaden
para tentar uma leitura sobre a primavera ou o verão com o fenômeno no segundo
semestre foi buscar anos análogos, quando saímos do El Niño direto para um La
Niña."
As últimas cinco ocorrências
foram em 2016, 2010, 2007, 1998 e 1995. Baseado no que ocorreu nestes anos,
Dolif prevê que os extremos do país tenham chuva na primavera abaixo da média
no Sul e acima da média no norte do Amapá. Ela deve ficar acima da média também
em uma região que inclui parte de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.
Já o verão deve ter precipitação
acima da média, segundo Dolif, na costa da região Sul, em São Paulo e no
litoral norte do país.
Por Bahia Notícias