Foto: Reprodução / Redes Sociais
Cerca de 4.000 presos fugiram de
uma prisão em Porto Príncipe, a capital do Haiti, neste sábado (2), após uma
gangue armada invadir o local e liberar quase todos os detentos, informaram a
embaixada francesa e a mídia local. Os invasores espionavam a penitenciária,
situada a poucos quarteirões do Palácio Nacional, desde quinta-feira (29).
O governo não comentou o
episódio.
Entre os prisioneiros que
fugiram estão "membros importantes de gangues muito poderosas",
informou o jornal Gazette d'Haïti. Segundo a agência de notícias Reuters, neste
domingo não havia sinais de policiais na penitenciária, que estava com suas
principais portas abertas.
Não está claro o número exato de
fugitivos, mas sabe-se que é perto da totalidade dos detentos. A penitenciária,
construída para comportar 700 presos, abrigava 3.687 em fevereiro do ano
passado, segundo o grupo de direitos humanos Rede Nacional de Defesa dos
direitos Humanos.
Um preso que não quis se
identificar disse à Reuters que ele era o único que havia sobrado em sua cela.
Segundo o detento, ele e seus companheiros dormiam quando começaram a ouvir o
som de balas. Ao menos três detentos morreram no fogo cruzado.
Um funcionário da penitenciária
contou que 99 presos optaram por permanecer em suas celas por medo de serem
mortos no tiroteio. Dentre eles estão soldados colombianos reformados que foram
presos pelo seu alegado envolvimento no assassinato do presidente Jovenel
Moïse.
A fuga vem na esteira de dias de
violência nas ruas da capital, após apelos do líder de gangue Jimmy Cherizier,
um ex-policial, para que grupos criminosos se unissem e derrubassem o
primeiro-ministro, Ariel Henry. Cherizier lidera uma aliança de gangues que
controlam cerca de 80% de Porto Príncipe.
Cherizier alertou esta semana os
moradores locais para impedirem as crianças de irem à escola para "evitar
danos colaterais" à medida que a violência aumentava na ausência do
primeiro-ministro.
Quase 15 mil pessoas foram
forçadas a abandonar as suas casas nos últimos dias, e dez locais que acolhem
pessoas deslocadas internamente foram esvaziados no fim de semana, segundo a
Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas.
O paradeiro exato do
primeiro-ministro é desconhecido. Ele deveria retornar neste domingo de uma
visita ao Quênia, onde assinou um acordo de segurança para combater a violência
das gangues.
O atual premiê, que chegou ao
poder em 2021 após o assassinato do último presidente do país, Moïse, já havia
prometido renunciar ao cargo no início de fevereiro, mas isso não aconteceu.
Mais tarde, ele disse que a segurança deve primeiro ser restabelecida para
garantir eleições livres e justas. O último pleito presidencial no Haiti foi em
2016.
Em janeiro, a ONU afirmou que
mais de 8.400 pessoas foram vítimas da violência de gangues no Haiti no ano
passado —mais do dobro dos números registrados em 2022.