Choro Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O choro musicado pelo conjunto de bandolim, flauta,
violão 7 Cordas, pandeiro, cavaquinho e clarinete em rodas por todo o país, a
partir desta quinta-feira (29) é Patrimônio Cultural do Brasil, o que significa
ser reconhecido como parte da cultura e da história do país. A decisão do
registro do gênero musical genuinamente brasileiro foi tomada nesta
quinta-feira (29), por unanimidade, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio
Cultural, presidido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan).
Inicialmente, o pedido de reconhecimento foi
apresentado pelo Clube do Choro de Brasília, pelo Instituto Casa do Choro do
Rio de Janeiro, pelo Clube do Choro de Santos (SP) e por meio de
abaixo-assinado. A partir do reconhecimento, o gênero será registrado no Livro
das Formas de Expressão do Instituto, que reúne as manifestações artísticas em
geral.
Atualmente, além do choro, o Brasil tem outros 52
bens imateriais registrados como Patrimônio Cultural pelo Iphan, entre eles o
frevo, a roda de capoeira e o maracatu.
Orgulho
O presidente do Clube do Choro de Brasília, o
músico Henrique Lima Santos Filho, o Reco do Bandolim, comenta a
representatividade da conquista do registro. “Significa que é um bem que dá
orgulho, que representa a nação. É a primeira manifestação genuinamente
brasileira anterior ao samba e que faz o nosso perfil, da alma profunda. Reúne
influências da Europa, da África, cada região uma riqueza. Tudo isso se mistura
e se transforma nesse ritmo”, diz.
A ministra da Cultura (MinC), Margareth Menezes,
comentou a decisão de registro pelo Iphan, subordinado à pasta. “É o Choro
chegando em um lugar de patrimônio importante. Ele é uma construção do povo
brasileiro, amado pelo povo brasileiro. Eu acho que o Brasil precisa, cada vez
mais, se apropriar do chorinho. O chorinho é nosso, é uma coisa linda e, agora
como, patrimônio será um momento muito especial para todos nós.”
O presidente do Iphan, Leandro Grass, disse que a
política do Iphan, nesta gestão, é de ter um olhar mais cuidadoso em relação
aos bens que representam os territórios e as comunidades do país. E que algumas
expressões da cultura brasileira estão sendo estrategicamente posicionadas
neste processo de recuperação da cultura popular e de retomada do prestígio
destes bens. “O Choro já tem capacidade para alcançar o Brasil todo e, também,
para se difundir, para chegar nas escolas.”
Grass destaca que a patrimonialização registrada
nesta quinta-feira não é apenas o reconhecimento do bem cultural brasileiro,
mas o compromisso do governo federal de preservação e de expandir o acesso da
população a ele.
“Isso não é apenas um status, não é apenas um
prestígio que aquele bem adquire. Tem a ver com um compromisso estatal, com o
compromisso do governo de adotar políticas para a promoção daquele bem. Então,
na medida que a gente reconhece o choro como um bem tombado, a gente adota uma
estratégia de preservação, de promoção para que a população conheça mais esses
bens, interaja mais com eles e ajude a preservar”.
Choro
O choro é gênero musical considerado mais
brasileiro. De acordo com o Dicionário Cravo Clabin da Música Popular
Brasileira, o ritmo teria nascido em 1870, na cidade do Rio de Janeiro,
especificamente, em rodas de música nos bairros da Cidade Nova, Catete, Rocha,
Andaraí, Tijuca, Estácio e nas vilas do centro antigo.
Segundo o Iphan, o termo choro viria da maneira
chorosa de se tocar as músicas estrangeiras no final do século XIX e seus
apreciadores chamavam a manifestação cultural de música de fazer chorar.
O choro conta com nomes de artistas que
contribuíram para a popularização e, posteriormente, a preservação do choro ao
longo dos anos. Entre os nomes mais famosos por trás das melodias estão
Pixinguinha, Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim e Altamiro Carrilho e os
contemporâneos Paulinho da Viola, os irmãos Hamilton de Holanda e Fernando
César, além do já referido Reco do Bandolim, presidente do Clube do Choro de
Brasília, fundado em 1977, e que inaugurou, em 1997, em Brasília, a Escola
Brasileira de Choro Raphael Rabello, a primeira do gênero, em todo o país.
As composições de canções atemporais do choro, com
alma brasileira, incluem Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro, e
Brasileirinho, de Waldir Azevedo, Um a Zero e Corta Jaca.