Foto: Divulgação / IPAM
O município de Cotegipe, no oeste baiano, foi o líder do
desmatamento do Cerrado em janeiro, com cerca de 2 mil hectares perdidos, um
aumento de 224% em relação à área de vegetação nativa perdida em dezembro do
ano anterior. O município não havia figurado entre os maiores desmatadores do
bioma em 2023.
Os números foram divulgados nesta quinta-feira (29) pelo SAD Cerrado (Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado) desenvolvido pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
Cotegipe registrou aumento de aumento de 224% no desmatamento
em janeiro de 2024 Fonte: SAD Cerrado/IPAM.
Ao todo, foram detectados 31 alertas de supressão de
vegetação nativa em Cotegipe, colocando sua média de desmatamento em 64
hectares para cada alerta, considerada elevada pelas pesquisadoras do SAD
Cerrado. Além disso, 99% dos alertas detectados neste município, que possui 13
mil habitantes, foram registrados em áreas com cadastro ambiental rural
privado.
“Esse mês observamos uma migração do desmatamento para municípios da região do oeste da Bahia onde antes não havíamos detectado grandes áreas desmatadas. Isso é um indicativo de que o desmatamento está expandindo para outros municípios da região, onde ainda existem grandes fragmentos de vegetação remanescente de Cerrado”, destaca Fernanda Ribeiro, pesquisadora do IPAM e coordenadora do SAD Cerrado.
DESMATAMENTO DIMINUIU
Em janeiro de 2024, foram desmatados 51 mil hectares de
vegetação nativa do Cerrado, 48% a menos do que em dezembro de 2023. A área
desmatada no primeiro mês deste ano foi a menor detectada nos últimos 11 meses.
Para as pesquisadoras do SAD Cerrado e IPAM, a desaceleração
no desmatamento pode ser explicada, em parte, pela implementação de políticas
públicas e pela chuva intensa que cai na região, que afetam a detecção de novas
áreas abertas. As cientistas também destacam que os esforços pela preservação
do Cerrado devem acompanhar as políticas federais para a Amazônia.
“Essa diminuição na área de desmatamento detectada pode ser
explicada em parte por políticas públicas implementadas recentemente no bioma.
Apesar da redução neste mês, ainda não podemos afirmar se o desmatamento está
de fato diminuindo em 2024. Estamos passando pelo período de chuvas no bioma, o
que dificulta a detecção de alertas devido a alta cobertura de nuvens nessa
época do ano. É necessário que os esforços do governo para combate e controle
do desmatamento estejam agora voltados para o Cerrado, assim como foram
voltados para a Amazônia no ano passado”, comenta Fernanda Ribeiro,
pesquisadora do IPAM e coordenadora do SAD Cerrado.
Apesar do bom resultado, o primeiro mês de 2024 registrou uma
área desmatada 10% maior do que em janeiro de 2023, quando foram derrubados 46
mil hectares. A dominância do Matopiba – fronteira agrícola composta por partes
dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – também se manteve: 64% de
todo o desmatamento de janeiro ocorreu na região, totalizando 33 mil hectares
perdidos.
No Tocantins, líder do ranking em janeiro, foram desmatados
10 mil hectares, 40% a mais do que o registrado em janeiro de 2023. No Piauí,
em seguida, também foram perdidos cerca de 10 mil hectares de vegetação nativa.
O estado registrou uma área desmatada similar ao primeiro mês de 2023, quando
também foram desmatados 10 mil hectares. A terceira posição foi ocupada pela
Bahia, que além de ter quatro dos dez municípios que mais desmataram em
janeiro, perdeu 9 mil hectares de Cerrado, 2% a menos do que em janeiro
passado.
Fora do Matopiba, o Goiás registrou uma diminuição na área
desmatada. A área desmatada no estado passou de 4,5 mil hectares em janeiro de
2023 para 3,5 mil em 2024, totalizando uma redução de 22%. Minas Gerais e Mato
Grosso do Sul, no entanto, aumentaram a derrubada do Cerrado e somaram, juntos,
8 mil hectares perdidos, um aumento de 23% em relação ao que derrubaram em
janeiro de 2023.