Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
O presidente da Caixa Econômica
Federal, Carlos Vieira, disse nesta quarta-feira (28) que a queda nos depósitos
em poupança traz preocupação para o financiamento para habitação a partir de
2025 e afirmou que é preciso discutir alternativas para isso.
Segundo Vieira, os novos
produtos de investimentos que têm surgido até mesmo para pessoas de baixa renda
concorrem com a caderneta e fazem com que esta perca em atratividade para
investidores.
Com quase 70% do mercado na
oferta de crédito para financiamento de habitação, Vieira disse que o setor
"é a estrela" da Caixa e, por isso, o banco se preocupa com o
assunto.
Ele chamou atenção para o fato
de a estrutura de financiamento para habitação ser a mesma desde a década de
1970 e, por isso, precisaria ser atualizada para os tempos atuais.
Entre as soluções levantadas,
conforme adiantado pela vice-presidente de Habitação, Inês Magalhães, à Folha
de S.Paulo, está a revisão da fatia parada em depósitos compulsórios do Banco
Central. A liberação de uma parcela de 5% desse recurso poderia injetar cerca
de R$ 20 bilhões na capacidade da Caixa de financiar a compra da casa própria,
disse Magalhães.
"Temos desejo que seja
discutida essa questão do compulsório da poupança", afirmou Vieira durante
apresentação dos resultados da Caixa do quarto trimestre de 2023.
Vieira também citou a criação da
securitização de recebíveis da Caixa como uma solução a esse problema. Ou seja,
transformar os recebíveis em títulos no mercado secundário, como os CRIs
(certificados de recebíveis imobiliários).
"É um instrumento
interessante para ter uma carteira robusta como nós temos, com um índice de
inadimplência baixíssimo como nós temos, chegar e criar uma pujança do mercado
secundário de recebíveis. É uma alternativa", afirmou.
O presidente da Caixa ressaltou,
contudo, que esse será um instrumento interessante apenas quando a taxa básica
Selic estiver entre 8% e 9%. Atualmente, a taxa está em 11,25%.
Questionado sobre o aumento da
demanda de crédito neste ano com o Minha Casa, Minha Vida turbinado pelo
governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Vieira disse que a questão está sob
acompanhamento, já que as novas tecnologias também permitem entregas mais
rápidas no setor de construção civil.
"Certamente haverá uma
pressão por crédito", disse Vieira. "É ótimo que a gente tenha novas
tecnologias, mas ela reduz o ciclo de entrega do imóvel. Ela reduz esse prazo e
mostra que vai fazer pressão financeira. Mas a gente sabe se virar nisso e vai
sair pelo outro lado", completou.
CONCURSO PÚBLICO COM 4.000 VAGAS
O presidente da Caixa lembrou
ainda da intenção do banco de dar seguimento ao edital que anunciou
recentemente concurso público do banco estatal com 4.000 vagas.
Vieira ressaltou que, diferente
de outras empresas que estão enxugando o número de funcionários, a Caixa está
fazendo um movimento de ampliar seu quadro de empregados para atender às
necessidades dos brasileiros até mesmo nos locais mais remotos.
O banco "tem um olhar
diferente por ser 100% público e tem essa vocação de atender a sociedade",
afirmou o presidente da Caixa.
Para isso, a companhia está
investindo bastante em tecnologia e, das 4 mil vagas do concurso, 2 mil serão
dedicadas exclusivamente ao departamento de tecnologia, segundo o executivo da
instituição financeira.