Foto: Ascom / Codesal
As fortes chuvas que caíram na
capital nos últimos dias deixaram não só a população, mas também a Defesa
Civil de Salvador (Codesal) em estado de alerta. Com a “Operação Chuva” em
curso, o órgão precisou se adaptar com um fator inesperado: fevereiro registrou
um volume quatro vezes maior do que o esperado, totalizando 310 mm até esta
segunda (26).
Simulados de evacuação estão
acontecendo em diversas regiões com maiores riscos. A primeira aconteceu ainda
em janeiro, com moradores de Vila Picasso, na Capelinha, e Voluntários da
Pátria, no Lobato. Já no último sábado (24), foi a vez da população de
Cajazeiras passar pelo processo que prepara a comunidade para uma possível
evacuação em períodos de chuva intensa.
Segundo o superintendente da
Defesa Civil de Salvador, Sosthenes Macêdo, o ano de 2024 foi histórico em
relação ao volume de chuvas. Desde 1985, com exceção de 2005, não chove tanto
na capital no mês de fevereiro. “Solicitei da nossa equipe do Centro de Monitoramento
e Alerta da Defesa Civil de Salvador, CEMADEC, aos nossos meteorologistas
estatísticos engenheiros que fizessem um estudo dos fenômenos que ocorreram em
fevereiro que desdobraram nessa grande quantidade, de intensidade e acumulados
pluviométricos durante todo mês e também um um paralelo em relação aos outros
fevereiros dos outros anos anteriores, e o número é realmente muito
significativo, de 1985 para 2024, apenas 2005 ultrapassa, o que já aconteceu
até então nesse ano. Em 1998 chegamos a 310mm, 311 mm, e nenhum outro mês e
olha que a gente não fechou o mês ainda nem um outro mês de fevereiro desde
1985, exceto 2005, isso ocorreu. Se você pegar de 2006 para cá, todos os anos
foram muito aquém ao que nós tivemos neste período”, contou.
FENÔMENOS
As intensas chuvas que caíram em
fevereiro deste ano em Salvador foram ocasionadas por diversos fenômenos, como
um corredor de ventos úmidos, que estavam preparados e programados para o
início da semana passada, estes foram intensificados por um sistema de baixa
pressão também na última terça-feira, o que trouxe em apenas duas horas em
alguns bairros, cerca de 92mm, ou seja, quase a totalidade do que era esperado
para todo mês em apenas 2 horas.
Surpresas também durante o
Carnaval. Ainda na quinta-feira, foram 70mm, naquela oportunidade, em apenas
uma hora no domingo de festa se repetiu outra oportunidade, com o mesmo
fenômeno, o sistema de baixa pressão chamado de “Cavado” que intensifica essa chuva
e a torna muito rigorosa e pouco espaço de tempo.
Na última terça-feira (20),
foram registradas fortes chuvas com 92mm em algumas localidades, já na
sexta (23), além do sistema de baixa pressão, além dos corredores de ventos
úmidos, também tivemos a interferência do VCAN, que é um outro sistema que me
traz muitas chuvas intensas para a cidade.
“Em 2020, foi o ano que mais
choveu nos últimos 36 anos. 2021. 2022 e 2023 com a “La Ninha” influenciando
aqui o nosso sistema, então com chuvas intensas durante todo o ano, e a gente
esperava é claro, e as análises todas eram feitas para que do final de 2023
para 2024 nós tivéssemos um pouco mais de estabilidade, justamente por conta da
presença do “El Ninho”, que estaria atuando aqui na nossa região. O que
aconteceu é que no final de dezembro, nós tivemos chuvas e ventos fortes
próximos ao natal, com rajadas de vento de 63 km por hora. Foram 44 árvores de
grande porte que caíram na cidade. Por conta desses pontos de chuvas intensas
em janeiro. Fevereiro veio apresentando aí esse cenário totalmente atípico e
adverso do que era esperado. Nós temos um centro de monitoramento com
meteorologistas, com estatísticos, são engenheiros civis e engenheiros
eletricistas profissionais que vem aí militando nisso já há alguns anos. As
nossas previsões sempre vem acertando e a gente observa também que até mesmo
isso, nas nas últimas análises e avaliações, têm sistemas que têm formado com
tamanha rapidez que só conseguimos enxergar em meia hora duas horas de
antecedência perdendo um pouco da capacidade que tínhamos de fazer análise com
um tempo de dilatação maior”, disse o superintentente.
Na entrevista da semana ao Bahia
Notícias, Sosthenes Macêdo falou sobre os diversos fatores que ocasionaram as
fortes chuvas no mês de fevereiro, detalhou as ações de prevenção a desastres
na capital e também falou sobre estudos e a “Operação Chuva”. Confira a entrevista completa aqui.