Foto: Juca Varella/Agência Brasil
A economia funciona apenas para
beneficiar ricos e poderosos, a sociedade está “quebrada” por conta da
polarização política, e a nação precisa de um líder forte e disposto a quebrar
regras para consertar o país. Essas são algumas das conclusões alcançadas pela
pesquisa Global Advisor Populism, conduzida internacionalmente pela Ipsos,
empresa multinacional de pesquisa e consultoria de mercado com sede em Paris,
na França.
A pesquisa foi realizada em 28
países, entre os dias 22 de novembro e 6 de dezembro de 2023, com 20.630
adultos, sendo 1.000 entrevistados no Brasil. A margem de erro para a amostra
brasileira é de 3,5 pontos percentuais.
A pesquisa revela que cidadãos
ao redor do mundo se sentem cada vez mais excluídos e descontentes com os
sistemas políticos e econômicos vigentes em suas nações. Na área econômica, por
exemplo, sete em cada 10 brasileiros (74%) acreditam que a economia do país
funciona para beneficiar ricos e poderosos – oito pontos percentuais acima do
índice global, que é de 67%.
O resultado brasileiro mostra um
aumento de dez pontos percentuais quando comparado aos resultados do país na
onda anterior, realizada em 2022 (64%), mas ficaram abaixo do pico registrado
em 2021, que foi de 80%. Neste quesito, a África do Sul lidera este ano, com
80% de concordância com a afirmação, e a Holanda aparece na outra ponta com
48%.
Quando questionados sobre sua
posição a respeito da frase “a sociedade do país está quebrada”, 62% dos
brasileiros entrevistados pela Ipsos disseram concordar com a afirmação. A
África do Sul, novamente, aparece em primeiro lugar com 76%; seguida pela Suécia
com 73%. O índice global dos países pesquisados é 57%.
A pesquisa também revela que os
brasileiros continuam acreditando que a nação precisa de um líder forte e
disposto a quebrar regras para consertar o país – 68% concordaram com a
afirmação apresentada pela pesquisa. O resultado deixou o Brasil na 10ª posição
no ranking global. A Tailândia é a nação que mais concorda com a questão (80%),
conquistando o primeiro lugar, enquanto na outra ponta do ranking aparece a
Alemanha, com 38%.
O estudo da Ipsos também revela
que 77% dos entrevistados brasileiros apoiam que o governo aumente os gastos
com saúde e 75% com educação; 74% apoiam o aumento dos investimentos em
segurança pública e 70% apoiam os gastos para a redução da pobreza e desigualdade
social. Em todos os quesitos, o país aparece acima das médias globais.
No entanto, quando perguntados
se concordavam com o aumento de taxas e impostos para essa para estes gastos
públicos, 66% dos brasileiros se mostraram contra e 14% a favor – os outros 20%
não souberam/não quiseram responder. O número deixa o Brasil empatado com a
Argentina como os países mais contrários a este aumento.
Em outro ponto do levantamento
da Ipsos, em média, 67% dos entrevistados disseram acreditar que as classes de
elite política e econômica do país não se importam com a classe trabalhadora.
No Brasil este número é ainda maior: 74% concordam com a afirmação, deixando o
país em 4º lugar no ranking, atrás de África do Sul (80%), Tailândia (78%) e
Hungria (77%).
Segundo os entrevistados, a
principal divisão da sociedade brasileira, hoje, é entre elites políticas e
econômicas e os cidadãos comuns: 69% dos brasileiros concordam com esta
afirmação. A média dos 28 países pesquisados é de 67% de concordância, com a Hungria
encabeçando o ranking com 80%.