Universidades
e institutos federais adiaram a divulgação ou retificaram a publicação dos
aprovados na lista de espera do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) por
orientação do MEC (Ministério da Educação). Procurada por telefone e email
diversas vezes desde a noite de quarta (21), a pasta não deu explicações sobre
as ocorrências.
A reportagem levantou problemas em 20
instituições de todo país nas convocações para essa etapa de
"repescagem", que seleciona quem não foi aprovado em primeira
chamada, em janeiro -quando outra falha já havia levado à divulgação de
resultados errados.
São os casos de UFMG (Universidade Federal
de Minas Gerais), Ufba (Universidade Federal da Bahia), UFG (Universidade
Federal de Goiás), UFF (Universidade Federal Fluminense), UFRN (Universidade
Federal do Rio Grande do Norte) e UFSM (Universidade Federal de Santa Maria),
por exemplo.
A relação dos convocados começou a ser
liberada na última sexta (16). A universidade na Bahia já havia divulgado seus
aprovados quando a pasta de Camilo Santana enviou às instituições os nomes dos
classificados. Nesta quarta-feira, porém, a lista foi apagada.
"Comunicamos aos candidatos do processo
seletivo Sisu 2024, inscritos na lista de espera, sob responsabilidade do Sisu,
que por motivos técnicos, será substituída", afirmou a instituição em seu
site nesta quarta. "Assim que os novos dados forem recebidos e
atualizados, faremos nova divulgação."
O mesmo ocorreu com a UFG. A instituição
goiana havia liberado sua listagem na segunda-feira (19) e teve de apagá-la
após dois dias para formulação de uma nova. A universidade declarou que a
publicação anterior "perde sua validade para todos os efeitos, ainda que a
confirmação da vaga tenha sido realizada pelo candidato aprovado".
Na UFSM, a lista havia sido apresentada na
terça (20) e foi retirada do ar para nova publicação. Em seu site, a
universidade do interior gaúcho orienta os candidatos a conferir seus nomes
novamente.
No site da UFMG, há uma nota dizendo que,
"em atendimento a uma orientação do MEC, a divulgação do resultado da
lista de espera do Sisu 2024 foi adiada".
Já na UFF o chamamento estava previsto para
esta quarta. A universidade divulgou nota afirmando terem ocorrido erros de
processamento de dados no ministério que impossibilitaram catalogar os
aprovados por meio da lista da espera. A situação era igual na UFRN, que
lamentou o ocorrido e ressaltou aguardar instruções do MEC.
Outras unidades tiveram problemas, como os
institutos federais de Amazonas, Pernambuco e Sul de Minas. Todas relatam ainda
estar aguardando pelos levantamentos.
Não está claro se o reprocessamento das
listas alterou a classificação dos candidatos, como havia ocorrido na
divulgação da primeira chamada. Na ocasião, uma lista provisória foi liberada
indevidamente, mostrando como aprovados estudantes que não haviam se
classificado para as vagas que tentaram.
Nas redes sociais, estudantes manifestam sua
preocupação com o novo problema no sistema de seleção do governo Lula (PT).
"O que está acontecendo para as
universidades que não divulgaram a lista de espera, adiaram em conjunto?",
publicou uma no X, ex-Twitter.
"Tudo bem que o nome é lista de espera,
mas temos que esperar tanto assim mesmo?", escreveu outra.
SELEÇÃO FOI MARCADA POR PROBLEMAS
O Sisu oferece vagas em universidades
federais a partir da prova do Enem. Ao todo neste ano, mais de 2 milhões de
estudantes disputaram 264 mil vagas em 6.827 cursos de graduação nas
instituições.
No último dia 30, o MEC havia se programado
para divulgar a lista dos selecionados em primeira chamada, mas alegou que
devido a "problemas técnicos no sistema" precisou adiar a consulta
teve que adiar a divulgação. Foi só no dia seguinte que os resultados foram
publicados.
A falha frustrou estudantes. Alguns deles
conseguiram acessar a página e viram que foram aprovados nas universidades às
quais se candidataram. Quando os resultados oficiais saíram, esses alunos
descobriram que não conseguiram a vaga que haviam selecionado.
O MEC confirmou que houve uma divulgação
indevida de resultados provisórios, que ainda não estavam homologados. Conforme
a pasta, os dados ficaram disponíveis por 25 minutos. A ocorrência está sendo
apurada.
Além dos estudantes frustrados com a
divulgação indevida dos resultados em janeiro, cerca de 50 mil inscritos na
prova do Enem, cuja nota é usada para acesso ao Sisu, foram alocados em locais
distantes das suas casas. O edital garantia que os participantes fizessem o
exame de novembro passado a no máximo 30 km de distância de suas residências.
Estudantes relataram distâncias de mais de 40 km.
Ao admitir o problema, o ministério disse
que a definição dos locais de prova foi feita pelo Cebraspe (Centro Brasileiro
de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos), vencedor da
licitação para aplicação do Enem 2023.
Como houve relato de alunos que avaliavam
desistir de fazer o exame, o MEC autorizou esses candidatos a fazerem a prova
em outra data. Mas houve casos de estudantes que preferiram fazer o exame na
data original e tiveram que percorrer 33 quilômetros.