Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
O governo federal resolveu
antecipar para fevereiro o pagamento de R$ 30,1 bilhões de precatórios, valores
devidos a empresas e pessoas físicas após sentença definitiva da Justiça. Pelo
cronograma, os pagamentos só seriam feitos em julho, de acordo com o Ministério
do Planejamento.
A injeção do dinheiro com a
antecipação deve ajudar a rodar mais rápido a atividade econômica nos próximos
meses, como aconteceu com o pagamento de R$ 93 bilhões de precatórios atrasados
no final do ano passado.
O efeito do pagamento dos
precatórios atrasados na economia ainda está acontecendo em 2024 e vai ajudar a
melhorar o resultado do PIB (Produto Interno Bruto). Com o pagamento, o governo
também recebe o Imposto de Renda retido na hora que o credor do precatório
recebe o dinheiro.
O mesmo deve acontecer agora com
o novo pagamento, já que todo o processo é acelerado até o momento em que o
valor é depositado na conta do credor do precatório.
Os R$ 30,1 bilhões que estão
sendo pagos agora são de precatórios que têm que ser pagos neste ano. As
despesas para o pagamento, portanto, estão previstas no Orçamento de 2024 e
entram dentro do cálculo da meta fiscal.
"Sair antes é bom para
economia, para quem recebe e para as contas públicas, pois o governo paga menos
com juros e correção", disse à reportagem o secretário-executivo do
Ministério do Planejamento, Gustavo Guimarães. Segundo ele, o dinheiro já foi
liberado pelo Tesouro para a Justiça fazer os pagamentos.
Como mostrou a Folha de S.
Paulo, o governo está preocupado com o risco de desaceleração do crescimento em
2024 e vem mapeando ações que possam mitigar o problema.
Embora antecipação não mude o
que estava previsto para o ano, o pagamento ajuda a injetar mais dinheiro na
economia antes do previsto, favorecendo um círculo positivo para o desempenho
da atividade economia.
Para fazer o pagamento
antecipado, o Ministério do Planejamento fez uma realocação orçamentária de R$
10,7 bilhões. Com isso, processo de quitação de passivos judiciais, alterado em
2021, volta ao rito normal, de acordo com a pasta.
Uma portaria nesta quarta-feira
(21) abriu um crédito suplementar no valor de R$ 10,7 bilhões com objetivo de
ajustar a alocação orçamentária dos recursos necessários para o pagamento da
parcela final dos precatórios de 2024, da ordem de R$ 30,1 bilhões. A primeira
parte do valor dos precatórios devidos de 2024, R$ 32,2 bilhões, já estava
dentro dos R$ 93 bilhões quitados em dezembro de 2023.
Após reunião com o ministro
Fernando Haddad (Fazenda), a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone
Tebet, antecipou estudos para que a execução dos precatórios, principalmente as
chamadas RPVs (Requisição de Pequeno Valor) seja feita de forma mais eficiente,
no futuro, inclusive com o pagamento mais rápido assim que a Justiça enviar ao
governo quais os valores devidos. É uma forma de economizar despesas com a
correção da taxa Selic sobre o montante.
Essa última proposta será levada
à JEO (Junta de Execução Orçamentária), colegiado de ministros que decide os
principais temas relativos ao Orçamento. A ideia é que os pequenos valores
sejam pagos de imediato.
"Vamos ver se precisa mexer
na lei, regulamentar. Precisamos chegar no consenso, então os pequenos valores
vamos pagar de imediato em 2025 para não ter que pagar três vezes mais em
2026", antecipou a ministra.
Segundo Tebet, essa proposta
está dentro do pacote de medidas que Tebet levou a Haddad para revisão de
gastos ao longo de 2024 para o cumprimento da meta de déficit zero nas contas
do governo.
O pacote de revisão vai ajudar
na elaboração do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2025, como revelou
a Folha de S. Paulo na semana passada. Tebet disse que o programa voltado aos
gastos será anunciado em breve e terá várias linhas de frentes.
A ministra reconheceu que
algumas das medidas têm mais dificuldade política de serem implementadas e
dependem da decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Tebet confirmou que a melhora na
arrecadação de janeiro, se confirmada em fevereiro, vai ajudar o governo a
fazer um contigenciamento muito aquém do previsto.
Mas qualquer decisão sobre o
corte de R$ 5,6 bilhões de emendas parlamentares de comissão deste ano só
acontecerá após a primeira avaliação bimestral do Orçamento, prevista para o
dia 22 de março. "Não podemos falar de recomposição dos R$ 5,6 bilhões,
nem para o Legislativo e nem para o Executivo, enquanto nós não fecharmos o
relatório bimestral com base nas receitas que o Tesouro vai nos passar,
provavelmente na primeira semana de maio", admitiu.