ACM Neto Crédito: Divulgação
O ex-prefeito de
Salvador e presidente da Fundação Índigo, ACM Neto, criticou nesta terça-feira
(20) uma fala do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sobre a
aprovação em massa de alunos da rede pública estadual de ensino. Em Feira de
Santana, ontem, o governador afirmou que a escola que reprova alunos é
"autoritária", e que não cabe ao professor decidir isso.
"Imagina só
que coisa absurda esse vídeo. Confesso a vocês que se eu não tivesse assistido,
se alguém só tivesse me falado, eu não acreditaria. O governador fala diversas
vezes em autoritarismo e desrespeito. Posição autoritária está sendo a do governador
Jerônimo Rodrigues. Não só autoritária, mas desrespeitosa com as escolas, com
todas as pessoas que trabalham nas escolas, professores, com os alunos e seus
familiares", afirmou Neto.
Neto chamou
atenção para a posição da Bahia nos exames nacionais de educação. "Imagine
só se a Bahia de Anísio Teixeira, Ruy Barbosa e tantos outros educadores pode
ter um governador que defenda o que Jerônimo está defendendo. Nós sabemos, e
muitas vezes eu disse - e chamei a atenção - que, infelizmente, a Bahia ocupava
uma das piores posições na educação do Brasil. Para ser exato, o penúltimo
lugar no Brasil na avaliação do Ideb. Estamos só à frente do Maranhão em termo
de qualidade do ensino", acrescentou.
O
secretário-geral do União Brasil lembrou ainda que o governador foi secretário
da educação e teve oportunidades de melhorar o quadro na Bahia. "Não custa
lembrar que estamos no 18º ano do governo do PT na Bahia. Jerônimo era
secretário de Educação, e ele, que se coloca como professor, agredindo
professores, fecha os olhos para a realidade da qualidade do ensino na Bahia.
Agora como govenador, que tinha a oportunidade de recuperar o tempo perdido,
refazer a trajetória que ele ajudou a construir, de colocar a Bahia nos últimos
lugares da educação no Brasil. Chega ofendendo professores, escolas, alunos e
famílias. A postura altamente ditatorial. Se o professor não serve para
ensinar, serve para que, governador?", questiona.
Críticas
O trecho do
discurso do governador foi compartilhado pelo APLB Sindicato, nas redes
sociais. A entidade critica a postura do governador. "Enquanto legítima
representante dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Bahia,
a APLB-Sindicato lamenta a infeliz declaração do governo do estado, na aula
inaugural, em Feira de Santana. A Portaria 190 foi uma medida generalista e sem
nenhum diálogo com a categoria. Se existe o quantitativo alto de reprovação em
uma escola, deve-se intervir na pesquisa, avaliação e construção coletiva de
alternativas para a mudança do quadro", diz uma nota publicada pela
entidade.
O sindicato diz
ainda que não é justo culpar os professores pela reprovação de estudantes.
"Não é justo atribuir essa responsabilidade única e exclusivamente aos
professores, professoras ou à qualquer instituição de ensino. Temos problemas
graves como a evasão escolar, a insegurança, a falta de estrutura, a
desvalorização dos trabalhadores em educação. Como professor, o governador sabe
que o ato de ensinar não pode se resumir na aprovação ou desaprovação do aluno.
Vai muito mais além!".
A portaria
assinada pelo governador estimula os professores da rede a aprovarem os
estudantes, mesmo aqueles que não frequentaram as aulas ou não foram aprovados
em todas as disciplinas. De acordo com a portaria, estudantes que não passaram
em até cinco disciplinas podem prosseguir para a próxima série. Além disso, a
portaria estipula que o Conselho de Classe pode permitir a progressão do aluno
reprovado se considerar que seu “desempenho global foi satisfatório”. A medida
ressalta ainda que o controle da frequência deve focar no acompanhamento do
aprendizado e não na reprovação.